Reciclagem de plástico no Brasil cresce 7,8% em 2024, mostra pesquisa
Ao todo, produção de resina plástica reciclada pós-consumo chegou a 1.012 milhão de toneladas; apesar disso patamar é inferior a 2022
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A reciclagem de plástico no Brasil cresceu 7,8% comparando o ano passado com 2023. Ao todo, a produção de resina plástica reciclada pós-consumo, que é resultado da reciclagem do material, chegou a 1.012 milhão de toneladas. Apesar dos avanços, o país não conseguiu retomar o patamar alcançado em 2022, quando o consumo de matéria-prima pós-uso chegou a 1.722 mil toneladas.
Os dados são de estudo anual encomendado pelo Movimento Plástico Transforma e publicados na manhã desta quinta-feira (25). A iniciativa é uma parceria da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria do Plástico) com a Braskem.
Ao todo, o índice geral de reciclagem mecânica de plásticos pós-consumo no Brasil foi de 21% e o índice de recuperação de embalagens, que considera todo o resíduo consumido no processo, chegou a 28,7%.
Para Beatriz Geraldes, integrante do Grupo Técnico do Movimento Plástico Transforma, manter o insumo no “círculo produtivo” é fundamental. “A gente precisa que o plástico volte para a cadeia, que seja reintegrado e dê origem a novos materiais”, defendeu.
O levantamento realizado pela consultoria MaxiQuim revela, além disso, a importância estratégica do Brasil no cenário regional: segundo dados de 2023, Brasil e México foram responsáveis por 76% de todo o volume de plástico reciclado na América Latina.
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O México, no entanto, tem uma vantagem em relação ao Brasil: a extensão territorial. Um dos desafios do nosso país, segundo Maurício Jaroski, diretor executivo da MaxiQuim, é a logística. “É importante para a cadeia de reciclagem que esse processo ocorra onde a matéria-prima esteja sendo processada. A sucata de algumas regiões muitas vezes podem ser transferidas, mas o frete pode inviabilizar o processo [na questão custo-benefício]”, explicou.
No desempenho da reciclagem por estado, por exemplo, se destacam a região Nordeste, com crescimento de 16,6% ano passado em comparação com 2023; Sudeste (9,5%) e Sul (3,6%). A região Centro-Oeste (-8,1%) e Norte (-6,1%) apresentam queda no volume de produção de plástico reciclado.
“Há cinco anos, o Nordeste também estava em um patamar de pouco crescimento. Ele vem crescendo muito porque se percebeu que a sucata dessa região vinha sempre para o Sudeste, e por isso a indústria investiu em fazer unidades de reciclagem onde havia essa demanda”, observou Maurício.
Em termos gerais, para Maurício, os resultados de 2024 apresentam uma recuperação tímida da indústria de reciclagem.
“O prolongado ciclo de baixa das commodities petroquímicas seguiu pressionando a competitividade dos reciclados, com os preços das resinas de primeiro uso reduzindo o interesse da indústria de transformação por matéria-prima reciclada e dificultando o repasse de custos”, observou.
Apesar disso, ele analisa que “setores ligados a compromissos ESG e metas de circularidade, como grandes embaladores e marcas de consumo, mantiveram demanda constante para determinadas aplicações, em linha com seus objetivos”.
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Cooperativas e geração de emprego
Em 2024, o setor gerou um faturamento de R$ 4 bilhões, aumento de 5,8% em relação ao ano anterior. Também cresceu a geração de empregos, alcançando 20.043 postos de trabalho diretos, ou seja, 7,7% superior a 2023.
Para manter o cenário de crescimento, Maurício defende o aumento das cooperativas e o investimento em uma indústria mais tecnológica. “O principal é manter esse setor atrativo para as indústrias consumirem recicláveis. É importante garantir esse interesse nos produtos reciclados, porque a cadeia de reciclagem envolve muitos players, e precisa de investimento para ela acontecer. É uma soma de fatores: melhores condições para se ter mais matéria-prima coletada de maneira mais eficiente e menos onerosa para a gente conseguir ser competitivo”, pontuou.
Segundo Solange Stumpf, sócia executiva da MaxiQuim, o momento atual, de regulamentação e incentivo do setor, é fundamental para esse crescimento nos próximos anos.
“A gente precisa construir um ambiente mais regulado para garantir essa evolução mais consistente e mais sustentável, com melhor desempenho. Por isso, a regulamentação é importante”, explica.
Aliado a regras, é necessário, no entanto, incentivos. “A própria implementação requer incentivos. É necessário criar condições para a indústria de reciclagem ter um apoio para poder operar. O setor tem uma grande oportunidade e muito espaço para crescer. Mas, para isso, a indústria tem que ter condições para poder investir, principalmente devido à exigência tecnológica”, pondera.
Geração e consumo de resíduos plásticos
A pesquisa também mostrou que em 2024 foram gerados 4,82 milhões de toneladas de resíduos plásticos pós-consumo no Brasil. Desse total, a indústria recicladora consumiu 1,55 milhão de toneladas de resíduos plásticos (incluindo pós-consumo e pós-industrial) para reprocessamento.
Considerando apenas o resíduo pós-consumo (doméstico e não doméstico), o volume consumido pelas recicladoras foi de 1,2 milhão de toneladas. A maior parte desse material (87%) teve origem em embalagens, que somaram 1,037 milhão de toneladas consumidas.
Origem dos resíduos
A origem da matéria-prima para a reciclagem manteve uma distribuição semelhante em relação a anos anteriores, com os comerciantes de resíduos se destacando como a principal fonte, responsáveis por 33% (518 mil toneladas) do volume adquirido pelas recicladoras.
Na sequência, aparecem as aparas industriais (23%), os beneficiadores (recicladores menores, com 19%), as empresas de gestão de resíduos (11%) e as cooperativas (10%).
“Observamos que os catadores informais e as cooperativas perderam participação para os sucateiros, um reflexo da baixa remuneração que tem enfraquecido a força de trabalho das cooperativas”, explica Maurício.
Destaques da produção de PCR
Desde o início da mensuração do índice em 2018, a produção de resina reciclada pós-consumo (PCR) acumulou um crescimento de 33,6%. Em 2024, foram produzidas 1,012 milhão de toneladas de resinas recicladas pós-consumo. Desse total, 39% foram de PET, seguido por PEAD com 20%, PP com 18% e PEBD/PEBDL com 15%.
A resina PCR produzida em 2024 foi destinada a diversos segmentos, com os setores de Alimentos e Bebidas (167 mil toneladas) e Higiene Pessoal, Cosméticos e Limpeza Doméstica (132 mil toneladas), se consolidando como os principais consumidores, impulsionados pela demanda por embalagens com conteúdo reciclado.
O setor de Construção Civil e Infraestrutura, que em 2023 havia aumentado sua participação devido à busca por materiais com menor custo, consumiu 130 mil toneladas em 2024, mantendo-se relevante, porém, com uma queda proporcional em sua representação.
O destaque do ano foi a Agroindústria, que demandou 92 mil toneladas e apresentou um crescimento de mais de 35% em relação a 2023, impulsionado por aplicações como lonas, mangueiras e embalagens de agroquímicos. O setor de Eletrodomésticos e Eletroeletrônicos, também aumentou significativamente seu consumo, demandando um total de 54 mil toneladas de resina PCR.
“Se compararmos com 2018, quando o estudo começou, percebemos uma inversão de protagonismo: naquele ano, a construção civil era o principal destino da resina reciclada, enquanto o segmento de alimentos e bebidas tinha uma participação menor. Essa mudança reflete o avanço regulatório e os compromissos de grandes marcas de consumo com a economia circular e o uso de materiais mais sustentáveis”, finaliza Maurício.
Movimento Plástico Transforma
Criado em 2016, o Movimento Plástico Transforma tem o objetivo de promover conteúdo e ações educativas que demonstram que o plástico, aliado à tecnologia, à criatividade e à responsabilidade, traz inúmeras possibilidades para os mais diferentes segmentos.
Perguntas e Respostas
Qual foi o crescimento da reciclagem de plástico no Brasil em 2024?
A reciclagem de plástico no Brasil cresceu 7,8% em 2024, com a produção de resina plástica reciclada pós-consumo atingindo 1.012 milhões de toneladas.
Como se compara a produção de 2024 com a de 2022?
Apesar do crescimento, a produção em 2024 ainda é inferior ao patamar de 2022, quando o consumo de matéria-prima pós-uso foi de 1.722 mil toneladas.
Quais são as principais fontes de dados sobre a reciclagem de plástico no Brasil?
Os dados são de um estudo anual encomendado pelo Movimento Plástico Transforma, em parceria com a Abiplast e a Braskem.
Qual é o índice geral de reciclagem mecânica de plásticos no Brasil?
O índice geral de reciclagem mecânica de plásticos pós-consumo no Brasil foi de 21%, enquanto o índice de recuperação de embalagens chegou a 28,7%.
Qual é a importância de manter o plástico na cadeia produtiva?
Beatriz Geraldes, do Movimento Plástico Transforma, destaca que é fundamental reintegrar o plástico na cadeia produtiva para dar origem a novos materiais.
Qual é a posição do Brasil na reciclagem de plástico na América Latina?
Brasil e México foram responsáveis por 76% do volume de plástico reciclado na América Latina, com o México tendo vantagem em relação à extensão territorial.
Quais desafios o Brasil enfrenta na logística de reciclagem?
Um dos desafios é a logística, pois a sucata de algumas regiões pode ser inviabilizada pelo custo do frete, dificultando o processo de reciclagem.
Quais regiões do Brasil se destacaram na reciclagem em 2024?
A região Nordeste teve um crescimento de 16,6%, seguida pelo Sudeste com 9,5% e Sul com 3,6%. As regiões Centro-Oeste e Norte apresentaram quedas de 8,1% e 6,1%, respectivamente.
Qual é a perspectiva para a indústria de reciclagem no Brasil?
Os resultados de 2024 mostram uma recuperação tímida da indústria de reciclagem, pressionada pelos preços das resinas de primeiro uso, que reduzem o interesse pela matéria-prima reciclada.
Qual foi o faturamento do setor de reciclagem em 2024?
O setor gerou um faturamento de R$ 4 bilhões, um aumento de 5,8% em relação ao ano anterior, e a geração de empregos alcançou 20.043 postos, 7,7% superior a 2023.
O que é necessário para manter o crescimento do setor de reciclagem?
É necessário aumentar as cooperativas e investir em uma indústria mais tecnológica, além de garantir condições atrativas para o consumo de recicláveis.
Qual é a importância da regulamentação e incentivos para o setor de reciclagem?
Solange Stumpf, da MaxiQuim, afirma que um ambiente regulado e incentivos são fundamentais para garantir um crescimento consistente e sustentável no setor.
Quantas toneladas de resíduos plásticos foram geradas em 2024?
Em 2024, foram geradas 4,82 milhões de toneladas de resíduos plásticos pós-consumo no Brasil, dos quais 1,55 milhão de toneladas foram consumidas pela indústria recicladora.
Qual foi a principal fonte de matéria-prima para a reciclagem?
Os comerciantes de resíduos foram a principal fonte, responsáveis por 33% do volume adquirido pelas recicladoras, seguidos por aparas industriais e beneficiadores.
Como a participação dos catadores e cooperativas mudou ao longo dos anos?
Os catadores informais e cooperativas perderam participação para os sucateiros, refletindo a baixa remuneração que enfraqueceu a força de trabalho das cooperativas.
Quais segmentos foram os principais consumidores de resina reciclada em 2024?
Os setores de Alimentos e Bebidas e Higiene Pessoal, Cosméticos e Limpeza Doméstica foram os principais consumidores, seguidos pela Agroindústria e Eletrodomésticos.
Como a demanda por resina reciclada mudou desde 2018?
Desde 2018, houve uma inversão de protagonismo, com o setor de Alimentos e Bebidas ganhando destaque em relação à Construção Civil, refletindo avanços regulatórios e compromissos com a economia circular.
Qual é o objetivo do Movimento Plástico Transforma?
O Movimento Plástico Transforma visa promover conteúdo e ações educativas que demonstrem as possibilidades do plástico aliado à tecnologia e responsabilidade.
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