'Rei da Keyla': polícia prende suposto líder do tráfico de cetamina no Distrito Federal
Agentes cumpriram 40 mandados judiciais na manhã desta quarta-feira; substância é utilizada como anestésico de cavalo
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, Brasília
As polícias civis do Distrito Federal, de Goiás e Piauí cumpriram 40 mandados judiciais nesta quarta-feira (8) contra um grupo que traficava cetamina (ou quetamina) entre Teresina (PI) e o DF. Segundo as investigações, a atuação dos criminosos acontece há cerca de 5 anos. Durante a operação, mais de 180 frascos de 50 ml da droga foram apreendidos.
As buscas ainda encontraram outras dezenas de frascos da droga, que estão sendo contabilizados pela polícia. Segundo a polícia, essa foi a "maior apreensão da história da substância".
No DF, a droga era estocada em Águas Claras, de onde era revendida aos usuários finais e abastecia outros pequenos traficantes.
Segundo a Polícia Civil, o líder do tráfico no DF era conhecido como “Rei da Keyla”, e tem uma extensa ficha criminal, mas escapava da Justiça nos últimos 10 anos com arquivamentos de casos, prescrições e extinções de punibilidade. O homem era proprietário de um carro de luxo e tinha imóveis em nome de terceiros. Nas redes sociais, ele ostentava em baladas e viagens ao exterior.
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Além das buscas e apreensões, as ordens judiciais determinaram o bloqueio de contas bancárias e bens dos envolvidos totalizando o valor de R$ 3,5 milhões bloqueados. A ação foi articulada pela 9ª Delegacia de Polícia (Lago Note), que investiga o caso há seis meses. Veja detalhamento:
Mandados judiciais:
• 2 prisões preventivas;
• 4 prisões temporárias;
• 18 mandados de busca e apreensão; e
• 16 ordens de bloqueio de contas bancárias e bens em valores.
Locais de cumprimento de mandado:
• Águas Claras;
• Ceilândia;
• Guará;
• Taguatinga;
• Vicente Pires;
• Recanto das Emas;
• Asa Sul;
• Paranoá;
• Arniqueiras;
• Alexânia (GO); e
• Teresina (PI).
Como funcionava
O tráfico de drogas começava em Teresina, com um proprietário de lojas de produtos agroveterinários que usava CNPJs dele mesmo para adquirir medicamentos à base de cetamina. Os dois filhos do proprietário também são investigados, sendo um deles veterinário responsável pela loja, e o outro gerente da empresa.
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A substância era trazida ao DF por empresas de ônibus que levavam um dia e meio para chegar à rodoviária interestadual do Plano Piloto. Quando a carga chegava, um funcionário da mesma empresa de ônibus comunicava ao líder do grupo que mandava um outro ajudante pegar a encomenda.
Para despistar as investigações, a carga de drogas era acompanhada por notas fiscais falsas, indicando a remessa de outros produtos. Além do fornecedor de Teresina, um outro traficante, também proprietário de loja de produtos veterinários, atuava como substituto em Alexânia (GO).
Depois, a droga chegava ao “Rei da Keyla”, que revendia a substância. Delegado responsável pela operação, Erick Sallum destaca que o principal objetivo da operação é fragilizar o grupo criminoso. “Sabíamos que prender apenas o traficante do DF não resolveria o problema, pois rapidamente seria substituído. Ao atuarmos sobre a fonte no Piauí e Alexânia, desarticulamos significativamente o tráfico de cetamina no DF”, afirma.
O que é a droga
A cetamina é vendida sob diversas denominações comerciais e é conhecida também como anestésico de cavalo. A medicação induz um estado de transe, proporcionando alívio da dor, sedação, perda de memória e alucinação. A substância causa uma série de danos à saúde, além de deixar seus usuários mais vulneráveis a perigos, devido aos apagões que ela causa.
Por conta de seu efeito, ela também é uma das drogas utilizadas no “Boa noite, Cinderela”, coquetel manipulado por criminosos para roubar ou estuprar suas vítimas. O frasco de 50ml da substância era vendido pelo traficante por cerca de R$ 300 – R$ 400 em listas de transmissão do WhatsApp. Em datas precedentes a festas eletrônicas no DF, a procura era intensa, fazendo variar o preço.
Crimes
Todos os investigados foram indiciados pelos crimes de tráfico de drogas interestadual de forma continuada, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro. Somadas, as penas podem passar de 35 anos de prisão.