Relator da CPI do DF diz que PMs presos foram 'vítimas'; oposição aponta 'postura sindicalista'
Documento apresentado nesta quarta-feira poupou membros da alta cúpula da corporação; relator é policial militar da reserva
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CL-DF), deputado Hermeto (MDB), disse que membros da alta cúpula da Polícia Militar, presos pelos atos de 8 de Janeiro, foram "vítimas". A declaração foi dada nesta quarta-feira (29), antes do começo da leitura do relatório final da CPI.
"Os comandantes que estão presos foram vítimas da negligência da reunião do dia 6 e do dia 7 na Secretaria de Segurança Pública. Eles foram pegos de calça curta. Só se a PGR [Procuradoria-Geral da República] e o ministro Alexandre de Moraes tiverem informações que não tenho", afirmou
Hermeto declarou que os coronéis da PM Cíntia Queiroz de Castro e Marcelo Casimiro Vasconcelos, ex-comandante do 1º Comando de Policiamento Regional, tinham informação privilegiada e retiveram os alertas.
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"A coronel Cintia, juntamente com o coronel Casimiro, vendo a gravidade do que ia acontecer no domingo [8/1], foram a peça do dominó que derrubou todos os outros [comandantes da PM]. Eles poderiam muito bem mobilizar toda a Polícia Militar. Isso não aconteceu por negligência, por falta de repassar para os comandos essas informações", declarou.
"Eles não acionaram ninguém, achavam que um policiamento que eles colocariam na Esplanada resolveria o problema. Quando deu 13h, 14h, o próprio coronel Casimiro pede ajuda, mas já é tarde para você conseguir mobilizar o efetivo", criticou.
Segundo Hermeto, a responsabilidade de Cíntia e Casimiro é o motivo de diversos membros da alta cúpula terem sido poupados, como o coronel Klepter Rosa, que teria dado ordem para os PMs ficarem de sobreaviso e não de prontidão, o ex-comandante de Operações da PM-DF Jorge Eduardo Naime, o coronel da PM Paulo José, subchefe do Departamento de Operações (DOP), e o ex-comandante Fábio Augusto Vieira, que liderava a instituição no dia 8 de janeiro.
Texto paralelo
O deputado Fábio Felix (PSOL) afirmou que pretende apresentar um texto paralelo, que já foi protocolado na Câmara Legislativa nesta manhã. Nele, o distrital pede o indiciamento, por exemplo, do ex-presidente Jair Bolsonaro, não mencionado no relatório de Hermeto.
Para a oposição, a postura do relator foi "sindicalista" ao retirar da citação colegas da corporação. O deputado declarou ainda que o documento "não está à altura do trabalho da CPI" e que traz "encaminhamento sindical".
"O próprio parlamentar [Hermeto] é da categoria [PM]. Ele isenta a corporação e desloca a culpa para a Secretaria de Segurança, que tem sua responsabilidade, mas desloca toda a culpa e a retira dos setores da PM", afirmou Felix.