Relator da tributária diz não abrir mão de arrecadação centralizada, mas articula com governadores
O Conselho Federativo, alvo de críticas dos estados, será responsável por arrecadar impostos estaduais e municipais
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
O relator da reforma tributária na Câmara dos Deputados, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), afirmou nesta quarta-feira (5) que avançou na articulação com os governadores e os prefeitos, mas que não deve abrir mão, no relatório da proposta, de uma arrecadação de impostos centralizada. Essa é a principal reclamação dos chefes do Executivo de estados do Sul e do Sudeste, que afirmam que a distribuição dos valores arrecadados com os impostos por um órgão central fragiliza a autonomia dos estados.
"Estamos ajustando. Tivemos uma excelente reunião com os governadores do Sul e do Sudeste. Existem demandas que dá para a gente convergir com os outros governadores e municípios para ter equilíbrio na governança, mas em uma arrecadação centralizada. Foi o que nós preconizamos, e vamos evoluindo bastante", afirmou o relator após uma reunião com parlamentares da bancada do União Brasil.
• Compartilhe esta notícia no WhatsApp
• Compartilhe esta notícia no Telegram
No texto, o Conselho Federativo, com a participação da União, de estados e de municípios, vai ser o responsável pela arrecadação do IBS (Imposto sobre Bens e Serviços), que substituirá o ICMS e o ISS. Ribeiro tem dito que deve deixar o texto mais detalhado para equilibrar a participação dos estados em relação à União.
O relator evitou prever a quantidade de votos e o prazo para a entrega do relatório, mas disse que trabalha para que a proposta seja votada no plenário até sexta-feira (7). O prazo foi estabelecido pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), na reunião de líderes.
Entre os governadores mais resistentes à proposta estão os que fazem oposição ao governo Lula e são alinhados ao agronegócio, como Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, e Cláudio Castro (PL), do Rio de Janeiro.
Mais dinheiro para o Fundo de Desenvolvimento Regional
Outro ponto exigido pelos governadores tem a ver com o aumento de repasses da União para o Fundo de Desenvolvimento Regional. O governo federal aceitou subsidiar R$ 40 bilhões, mas os estados pedem R$ 75 bilhões para manter a competitividade e atrair empresas.
O mecanismo funcionaria como uma reserva financeira para a compensação do fim da guerra fiscal, o que permitiria aos estados reduzir as alíquotas de ICMS para atrair investimentos. Na prática, caso uma unidade da Federação perca receita nos primeiros anos após a implantação da reforma tributária, a União vai arcar com os prejuízos.
Reforma tributária
O texto da reforma tributária prevê a criação do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) dividido entre um nacional, que vai substituir o PIS, o IPI e a Cofins, e outro regional, no lugar do ICMS e do ISS. O modelo também terá uma alíquota única como regra geral, que será 50% menor para alguns setores, como saúde, educação, transporte público, medicamentos e produtos do agronegócio.
Alguns segmentos ficarão isentos; já outros terão um imposto seletivo para desestimular o consumo, como os de bebidas alcoólicas e alimentos industrializados.