Relator de CPMI chama presidente da Conafer de ‘outro Maurício Camisotti’
Segundo a PF, Camisotti é sócio oculto de uma entidade associativa e beneficiário de fraudes previdenciárias
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O relator da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social), deputado Alfredo Gaspar (União-AL), disse nesta segunda-feira (29) que o presidente da Conafer (Confederação Nacional dos Agricultores, Familiares e Empreendedores Familiares Rurais), Carlos Roberto Ferreira Lopes, é “outro Maurício Camisotti”.
“Hoje descobrimos outro Maurício Camissoti. Pelas mãos da Conafer, passaram mais de R$ 800 milhões. R$ 140 milhões foram direcionados para o assessor de Carlos”, afirmou Gaspar durante o depoimento de Lopes à CPMI.
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Camisotti está preso preventivamente por determinação do STF (Supremo Tribunal federal. O empresário é apontado como sócio oculto de uma entidade associativa que realizava descontos indevidos em pagamentos de aposentados e pensionistas do INSS.
Camisotti seria beneficiário das fraudes que teriam desviado mais de R$ 6 bilhões, segundo a Polícia Federal.
Para o relator, as ações do presidente da Conafer configuram lavagem de dinheiro, enriquecimento ilícito e formação de organização criminosa. Ele foi convocado na condição de investigado, sendo o primeiro presidente de entidade associativa a ser ouvido pelo colegiado. Mas negou qualquer envolvimento com as fraudes do INSS.
Entre 2019 e 2023, a Conafer foi a entidade que mais aumentou os descontos indevidos nos pagamentos dos associados. Segundo Lopes, o aumento se deve a “organização e entrega de trabalho”.
O relator, porém, ponderou que, segundo a CGU (Controladoria-Geral da União), nenhum aposentado vítima dos descontos indevidos tinha dado autorização para tais deduções. Lopes, no entanto, disse desconhecer a metodologia adotada pela Controladoria para chegar à tal conclusão.
“Como o senhor explica que mais de 70 mil aposentados e pensionistas disseram que a Conafer meteu a mão no bolso deles sem ter autorizado?”, questionou Gaspar.
Em outro momento, o relator mostrou documentos que seriam de aposentados autorizando os descontos. As assinaturas, porém, eram de pessoas falecidas. “É padrão da Conafer ressuscitar mortos para conseguir descontos associativos?”, ironizou Gaspar.
O presidente da entidade, contudo, disse desconhecer que pessoas mortas recebam benefícios.
Entenda
Lopes é alvo de 16 requerimentos na CPMI. Ele está sob investigação por desvio de verbas e negou as acusações durante depoimento em 2021 às autoridades. O INSS recebeu diversas reclamações sobre os descontos aplicados pela Conafer, representando cerca de 13% do total das queixas registradas.
A entidade falhou em apresentar documentação que comprovasse as autorizações dos descontos. A Polícia Civil do Distrito Federal concluiu um relatório inicial em fevereiro de 2021 sobre descontos não autorizados em aposentadorias e pensões.
A investigação destacou a Conafer como a principal suspeita de solicitar descontos de aproximadamente 2% sobre cerca de 250 mil beneficiários do INSS. Esse acordo entre a Conafer e o INSS foi firmado em agosto de 2017.
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