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Reunião entre Lula e Campos Neto foi 'cordial' e houve respeito pelo Banco Central, diz Haddad

O encontro entre o presidente do país e o da instituição ocorreu no Palácio do Planalto e foi o primeiro com Lula à frente do governo

Brasília|Plínio Aguiar e Laísa Lopes, do R7 em Brasília

Selic fez Lula criticar Campos Neto ao longo do ano
Selic fez Lula criticar Campos Neto ao longo do ano

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o encontro entre o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta quarta-feira (27), foi "produtivo" e "cordial". Na conversa, ainda segundo Haddad, o petista ressaltou o respeito pela instituição. A reunião ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, e foi a primeira com Lula à frente do governo.

"A conversa transcorreu muito bem. Na verdade, eu penso que foi um encontro institucional, de construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas. Foi excelente", disse Haddad.

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O ministro da Fazenda também participou do encontro. "Não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição. A reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto", completou.

Não conversamos sobre tópicos específicos. O presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição. A reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto.

(Fernando Haddad, ministro da Fazenda)

Ao longo do ano, Roberto Campos Neto foi alvo de críticas do petista, principalmente em relação à manutenção em nível alto da Selic, a taxa de juros básica do país.


A iniciativa da reunião partiu de Campos Neto, que pediu ao ministro da Fazenda, durante um almoço na última quinta-feira (21), para fazer a ponte com Lula. A avaliação era que o momento seria oportuno, uma vez que a taxa básica de juros caiu pela segunda vez consecutiva, o que teria deixado a temperatura mais amena no Palácio do Planalto.

A agenda estava marcada para 17h30. No horário, porém, Lula ainda estava em reunião com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e a bancada de deputados federais gaúchos. Na sequência, o petista compareceu a um evento, previsto para 16h30 mas que atrasou, e só depois foi para a audiência. Dessa forma, Campos Neto esperou por pelo menos uma hora até que o chefe do Executivo o recebesse. O encontro durou cerca de uma hora e 20 minutos.


Último encontro foi em dezembro

Desde que tomou posse, Lula e Campos Neto nunca estiveram frente a frente, apesar da insistência do presidente do Banco Central. Quando se reuniram, no fim de dezembro, durante a transição entre os governos, o clima do encontro foi ruim, e desde então o presidente da República passou a culpar publicamente o chefe da autoridade monetária pela alta taxa de juros do país.

Lula chegou a chamar Campos Neto de "este cidadão", 'tinhoso" e "teimoso". No início deste mês, o petista chegou a insinuar que o chefe do Banco Central mantém diálogos com Jair Bolsonaro. "É importante vocês saberem que ele não foi indicado por nós, foi indicado pelo governo anterior. Este cidadão, se conversa com alguém, não é comigo. Deve conversar com quem o indicou", disse o presidente.

Por diversas vezes, coube ao ministro da Fazenda amenizar a situação. O encontro vem em um momento em que uma parcela dos aliados de Lula reduziu o tom das críticas a Campos Neto e ao Banco Central, justamente por causa do início do ciclo de redução da taxa de juros.

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No entorno do petista, a reunião é vista como um modo de selar uma convivência mais adequada, ainda que sem uma pacificação definitiva. No entanto, nomes influentes próximos a Lula, como a presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann, seguem com falas duras.

Na semana passada, após o Comitê de Política Monetária se decidir de forma unânime pela queda dos juros básicos em 0,5 ponto percentual, para 12,75%, a parlamentar reclamou de um processo de baixa feito "a conta-gotas".

Horas antes do encontro entre Lula e Campos Neto, o deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) acusou o chefe do Banco Central de levar viés ideológico para a instituição e falou em alinhamento dele com o ex-presidente. Os questionamentos foram feitos pelo petista durante a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados.

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