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R7 Brasília

Sargento da PMDF é suspeito de praticar agiotagem há 15 anos

Policial militar foi preso em operação da Polícia Civil nesta terça. Com salário de R$ 8 mil, ele ostentava uma vida de luxo

Brasília|Jéssica Moura e Sarah Teófilo, do R7, em Brasília

Sargento da PMDF, Ronie Peter Fernandes da Silva
Sargento da PMDF, Ronie Peter Fernandes da Silva

As apurações da Polícia Civil do Distrito Federal revelam que o policial militar Ronie Peter Fernandes da Silva é suspeito de atuar como agiota há 15 anos. Ele foi preso na manhã desta terça-feira (16) por suspeita de agiotagem, ameaça e lavagem de dinheiro. A apuração da Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF/Corpatri) teve início há três meses, e a corporação limitou a atribuição de crimes a práticas identificadas nos últimos seis meses.

Outras cinco pessoas foram presas temporariamente, por cinco dias, incluindo o irmão de Ronie, Thiago Fernandes da Silva, que, segundo a investigação, atuava cobrando valores das vítimas, ao lado de Ronie. Um dos alvos da operação está em São Paulo e ainda não foi encontrado. A Polícia Civil avalia pedir a conversão das prisões em preventivas.

Os investigadores identificaram movimentações financeiras incompatíveis com os rendimentos do grupo. Ronie, por exemplo, movimentou R$ 6 milhões em uma única conta corrente entre maio de 2017 e dezembro do ano passado. A polícia apreendeu na casa dos suspeitos aproximadamente R$ 40 mil e três carros de luxo (dois Porches e uma BMW).

Na casa de Ronie, a polícia encontrou procurações em que supostas vítimas passavam imóveis aos suspeitos. Essa era uma forma de atuação do sargento e de seu irmão Thiago: quando a vítima não tinha dinheiro, eles a coagiam a repassar imóveis ou carros para o nome dos dois.


Para fazer o dinheiro parecer lícito, o sargento montou uma rede que atuava na lavagem dos recursos obtidos. Nessa rede havia atuação do pai do militar. O grupo suspeito contava com empresas pequenas e algumas de fachada para lavar o dinheiro. Uma delas é um mercado que, entre fevereiro e agosto deste ano, movimentou R$ 8,5 milhões, quando a empresa tem o faturamento de R$ 30 mil por mês. O irmão de Ronie, Thiago, já foi ouvido e negou participação no esquema.

O delegado Fernando Cocito disse que Ronie "vive da agiotagem". "Algumas vítimas procuraram a polícia porque se sentiram ameaçadas pelos juros extremamente altos cobrados por ele. São recados ameaçadores (às vítimas). 'Vai ficar ruim para você e para sua família; sei onde você mora'", contou. O juros cobrados chegavam a 10% ao mês.


O sargento vivia uma vida de luxo, com roupas e acessórios de marcas conhecidas, viagens internacionais a destinos paradisíacos e carros da Porsche. No momento da prisão, inclusive, havia um carro da marca na garagem da casa do policial.

A Polícia Militar informou que instaurou um procedimento apuratório sobre o caso e que "não compactua com qualquer desvio de conduta de seus integrantes. Comprovado os indícios de irregularidades ou crime, todas as medidas cabíveis ao caso serão tomadas."

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