Sargento da PMDF que levava vida de luxo é preso por agiotagem
Operação SOS Malibu prende suspeitos de agiotagem e lavagem de dinheiro. Grupo movimentou mais de R$ 8 milhões no último ano
Brasília|Kelly Almeida e Sarah Teófilo, do R7, em Brasília
Um sargento da Polícia Militar do Distrito Federal foi preso na manhã desta terça-feira (16) durante uma operação coordenada pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos (DRF/Corpatri), da Polícia Civil do DF. Investigado por agiotagem, ameaça, extorsão e lavagem de dinheiro, Ronie Peter Fernandes da Silva é suspeito de movimentar milhões de reais em contas de um grupo criminoso que operava com ele. Os agentes prenderam outras cinco pessoas, entre elas Thiago Fernandes da Silva, irmão de Ronie.
As investigações começaram depois de inúmeras denúncias recebidas pela Polícia Civil que apontavam Ronie e Thiago como autores de agiotagem e extorsão no DF. Segundo o R7 apurou, a dupla tomava carros e imóveis das vítimas que não conseguiam pagar as dívidas e os juros cobrados. O movimento para o empréstimo do dinheiro era feito principalmente nas casas dos suspeitos, em Vicente Pires. Ronie usava o poder de policial para fazer as ameaças, e Thiago era o mais agressivo durante a cobrança das dívidas, indica a investigação.
Para tentar fazer o lucro da agiotagem parecer legal, Ronie e Thiago tinham o apoio de uma rede criminosa que atuava na lavagem de dinheiro, segundo as investigações. Entre as estratégias estavam a compra de veículos de luxo, que eram colocados em nome de terceiros, e a movimentação financeira a partir de quatro empresas de Águas Claras e Vicente Pires.
Movimentação financeira
Uma loja de estética em Águas Claras, que tem faturamento mensal de aproximadamente R$ 110 mil, seria uma das empresas usadas para a atividade ilícita do grupo. A proprietária do local, Raiane Gonçalves Campelo, movimentou em contas pessoais R$ 8,8 milhões, entre janeiro e agosto deste ano, de acordo com as apurações.
Um mercado em Taguatinga, em nome de Ronie, Thiago e do pai deles, Djair Baia da Silva, também entrou no alvo da polícia. Entre fevereiro e agosto deste ano, a empresa, que tem faturamento mensal de aproximadamente R$ 30 mil, movimentou cerca de R$ 8,5 milhões. Essas empresas faziam transações entre si e destinavam dinheiro a Ronie.
Ao longo dos dois últimos anos, o grupo comprou oito veículos da marca Porsche, cada um avaliado em aproximadamente R$ 1 milhão. Durante as investigações, os policiais descobriram que os suspeitos fizeram dois saques de valores altos em agências bancárias do DF. Em um deles, foram retirados R$ 800 mil e, no outro, R$ 530 mil.
Na operação deflagrada pela PCDF nesta terça foram apreendidos veículos da marca Porsche e uma BMW/X4. Os veículos estão avaliados em torno de R$ 3 milhões. A Justiça autorizou ainda o bloqueio de R$ 8 milhões em contas físicas e jurídicas.
Os mandados de prisão e de busca e apreensão foram autorizados pelo juiz da Vara Criminal de Águas Claras e cumpridos pela PCDF em Vicente Pires, Taguatinga e São Paulo. O suspeito que seria preso em São Paulo não foi localizado pelos policiais.
Operação SOS Malibu
O nome da operação deflagrada pela Divisão de Repressão a Roubos e Furtos nesta terça – SOS Malibu – é uma referência a uma loja de veículos aberta em nome de Thiago Fernandes da Silva, irmão de Ronie Peter. Criada em 8 agosto deste ano, a Malibu Veículos fica em Taguatinga e é declarada como uma “microempresa”, com capital social de R$ 200 mil. O nome também está estampado em uma lancha usada por Ronie e Thiago no lago Paranoá.
Em nota, a Polícia Militar do DF garantiu que "já instaurou um procedimento apuratório sobre o caso de imediato" e que "não compactua com qualquer desvio de conduta de seus integrantes". "Comprovado os indícios de irregularidades ou crime, todas as medidas cabíveis ao caso serão tomadas", pontuou. O R7 entrou em contato com o advogado de Ronie Peter e aguarda retorno. A reportagem também tenta contato com os outros suspeitos.