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'Se Bolsonaro tivesse falado, a gente teria ido embora', diz PM que treinou acampados em quartel

Para Claudio Mendes, falas do ex-presidente reforçaram suposta 'legalidade' de acampamentos em frente ao QG do Exército 

Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília

Para major, faltou ordem de Bolsonaro
Para major, faltou ordem de Bolsonaro

O major da Polícia Militar do Distrito Federal, Claudio Mendes dos Santos, disse que se o "presidente Jair Messias Bolsonaro tivesse dado o aviso" os acampamentos em frente aos quartéis-generais teriam sido desmontados. A declaração foi feita nesta quinta-feira (9) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Atos Antidemocráticos da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CL-DF) em resposta a questionamentos do relator da CPI, deputado Hermeto (MDB).

"Ele [Bolsonaro] sempre disse uma frase: 'Eu ajo dentro das quatro linhas'. E isso era uma segurança de que não haveria nada de errado. Vários advogados e juízes quando foram ali [ao acampamento] também disseram que estava tudo certo", declarou o major.

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Para o relator da CPI, a afirmação do depoente demonstra a responsabilidade de o ex-presidente ter passado a faixa presidencial para o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. "Se o presidente Bolsonaro tivesse falado para eles irem para casa, eles teriam ido. Eu votei nele [Bolsonaro] e tenho propriedade para falar. Ele tinha que ter assumido a derrota. Tinha que ter passado a faixa, é o que acontece no país democrático. E ele [Bolsonaro], indiretamente, influenciou todos [os manifestantes]", avaliou Hermeto.

Depoimento

O major acrescentou que as pessoas do acampamento eram extremamente honestas e que o QG se tornou um ponto de oração. "Era um movimento espiritual. Pessoas foram curadas ali, curadas de doenças", declarou.


O major disse ainda que não estava no Distrito Federal no dia 8 de janeiro, pois já tinha viajado para Curitiba (PR) com a esposa. Santos foi preso em março, durante a nona fase da Operação Lesa Pátria. Ele também foi citado em depoimento de Alan Diego dos Santos, condenado por planejar um atentado a bomba no Aeroporto Internacional de Brasília na véspera do Natal. Segundo Alan Diego, ele nunca viu o major dando aulas de técnicas militares, mas todos o conheciam como um “orientador”.

Reta final

O major é o penúltimo depoente que será ouvido pela CL-DF antes de a Comissão encerrar os trabalhos investigativos. Na próxima quinta-feira (16) está prevista a presença do coronel Reginaldo Leitão, que supostamente teria integrado um grupo de mensagens que trocava informações sobre o 8 de Janeiro. Reginaldo teve o depoimento, que seria em 26 de outubro, remarcado, depois de apresentar atestado à CPI.

A data para encerrar as atividades da CPI é 5 de dezembro, mas o presidente da Comissão, Chico Vigilante (PT), pretende votar o relatório antes.

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