Sem indicação para vaga no Supremo, Rodrigo Pacheco se afasta de Lula
Aliado ao governo desde o começo do mandato, ex-presidente do Senado tem dito sucessivos ‘não’ a Lula
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Preterido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa por uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal), o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) tem adotado posições que ampliam o distanciamento político em relação ao Palácio do Planalto e sinalizam incertezas sobre seu futuro na vida pública.
Aliado de Lula no início do terceiro mandato, Pacheco era considerado um dos nomes mais cotados para assumir uma cadeira no STF e contava com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP). A escolha, no entanto, recaiu sobre o advogado-geral da União, Jorge Messias, o que alterou o equilíbrio da relação entre o senador mineiro e o governo federal.
Desde então, Pacheco recusou, pela primeira vez, um convite do presidente para acompanhá-lo em um evento em Minas Gerais, alegando compromissos em Brasília.
Divergências sobre 8 de Janeiro e anistia
Um dos principais pontos de afastamento envolve o debate sobre os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Pacheco tem reiterado posição contrária a uma anistia ampla, geral e irrestrita aos envolvidos, afirmando que esse tipo de proposta “haverá de ser resistida” por homens públicos responsáveis.
O senador argumenta que não se pode tratar os ataques às sedes dos Três Poderes como um episódio trivial. “Há quem peça anistia como se tivesse sido um passeio no parque”, afirmou em declarações recentes.
Ao mesmo tempo, Pacheco defende a revisão da legislação penal para permitir uma dosimetria mais equilibrada das penas. Ele apoia o projeto conhecido como PL da Dosimetria, que reduz punições em casos específicos, sob o argumento de que é necessário diferenciar a participação de quem integrou a massa de manifestantes daquela de quem planejou, financiou ou comandou a tentativa de golpe.
Segundo o senador, a lei aprovada em 2021 precisa ser atualizada para garantir uma gradação mais justa das penas. Pacheco sustenta que o Legislativo não deve agir movido por “sentimento de vingança ou revanchismo”.
Eleições de 2026 e Minas Gerais
Outro fator de tensão envolve o cenário eleitoral de 2026. Lula manifestou, em diferentes ocasiões, o desejo de ver Pacheco como candidato ao governo de Minas Gerais, chegando a se referir a ele como “meu governador” em conversas reservadas.
Para o presidente, o senador seria o nome mais competitivo para enfrentar o grupo político do governador Romeu Zema (Novo).
As pesquisas, contudo, indicam cenários distintos. Em levantamento da Quaest, Pacheco aparece em terceiro lugar, com 9% das intenções de voto, atrás do senador Cleitinho (Republicanos) e do ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (sem partido).
Diante da indefinição, o senador chegou a telefonar para aliados para manifestar apoio a Gabriel Azevedo (MDB) como possível pré-candidato ao Palácio Tiradentes. Pacheco também afirmou que, caso decida disputar o governo mineiro, não o fará pelo PSD, partido que aderiu ao projeto político de Zema ao lançar o vice-governador Mateus Simões como nome para a sucessão.
STF e possível saída da vida pública
A frustração com a decisão de Lula em relação ao STF também impactou os planos pessoais de Pacheco. De forma reservada, o senador tem sinalizado a aliados que pode encerrar sua trajetória política ao fim do mandato, em 2027, sem disputar a reeleição nem o governo de Minas Gerais.
Ele afirma que a decisão final ainda será tomada em conjunto com aliados, mas admite que a não indicação ao Supremo pesou em sua avaliação sobre o futuro.
No Planalto, Pacheco era visto como peça-chave para reduzir resistências no Senado à indicação de Jorge Messias ao STF. A relação de confiança, construída ao longo de sua gestão como presidente da Casa, era considerada estratégica pelo governo.
Atuação no Senado
Apesar do cenário de incertezas, Pacheco segue ativo no Legislativo. Ele é autor de projetos que endurecem punições contra devedores contumazes e de propostas que atualizam a Lei do Impeachment. Também apresentou um projeto que restringe a apresentação de pedidos de impeachment contra ministros do STF, limitando essa prerrogativa à Procuradoria-Geral da República, o que gerou críticas de setores da oposição.
Na área econômica, Pacheco é um dos articuladores do Propag (Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados) e participou diretamente das negociações da dívida de Minas Gerais com a União, tema sensível para o equilíbrio fiscal do estado.
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