Sete a cada dez pessoas assassinadas no Brasil em 2022 eram negras, diz pesquisa
Atlas da Violência destaca que 16 estados superam a média nacional de homicídios de pessoas pretas e pardas
Brasília|Jéssica Gotlib, do R7, em Brasília
A cada dez pessoas assassinadas no Brasil em 2022, sete eram negras. Os números são do relatório Atlas da Violência, divulgado nesta semana pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ao todo, 35.531 vítimas fatais da violência eram pretas ou pardas no ano retrasado. Isso equivale a uma taxa de homicídios de 29,7 para cada 100 mil habitantes desse grupo. É um índice quase três vezes maior que o registrado para pessoas brancas, amarelas ou indígenas (10,8). Nestes casos, foram 10.209 mortes.
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O documento destaca que 16 unidades da federação superam a taxa nacional de assassinatos registrados de negros no país. Neste grupo, apenas dois estados não estão no Norte ou Nordeste. São eles: Espírito Santo e Mato Grosso, com taxas registradas de 35,4 e 33,4, respectivamente.
As capitais que registraram as maiores taxas foram: Salvador (70,2), Macapá (69,7) e Manaus (63,5). Nesses casos, o valor de homicídios de pessoas negras para cada 100 mil habitantes, nas capitais, foi superior ao registrado na unidade federativa. Os menores índices apresentados correspondem às capitais São Paulo (4,1), Florianópolis (7,3) e Brasília (16,1).
“Transpondo para o presente, a horizontalidade que a lei brasileira assegura estabelecendo a vedação à discriminação e à desigualdade, aplicada a quaisquer pessoas, acaba por relativizar o questionamento acerca da existência do racismo. Contudo, um dos indicadores que colocam em xeque essa construção e evidenciam, na prática, que a exclusão tem uma dimensão racial são os dados acerca da vitimização de pessoas negras pela violência”, explicam os pesquisadores do IPEA.