'Somos atacadas', diz ministra sobre pressão por trocas em pastas chefiadas por mulheres
Sonia Guajajara, dos Povos Indígenas, criticou a reforma ministerial, que pode diminuir o número de mulheres na Esplanada
Brasília|Augusto Fernandes, do R7, em Brasília
A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que as ministras do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) são "atacadas todos os dias" por pessoas que querem o comando de ministérios chefiados por mulheres. A fala ocorreu durante a abertura da Marcha das Margaridas, em Brasília, nesta terça-feira (15). "É a primeira vez que nós temos o maior número de mulheres ministras na Esplanada dos Ministérios. E, por ser a primeira vez, nós somos atacadas todos os dias, quando querem tirar ainda de nós esse lugar e entregar para os homens. Mas, juntas, nós não vamos permitir", afirmou Guajajara.
Ao assumir o governo, no início do ano, Lula empossou um número recorde de ministras, escolhendo 11 mulheres para ficar à frente de pastas do governo dele. Em julho, no entanto, o presidente deu início a um processo de trocas na Esplanada, e a primeira pessoa a ser substituída foi Daniela Carneiro, que comandava o Turismo. Para o lugar dela, Lula escolheu Celso Sabino.
O centrão negocia ter mais espaço no governo e almeja ao menos duas pastas controladas por mulheres: Saúde, da ministra Nísia Trindade, e Esporte, da ministra Ana Moser. Os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) já foram escolhidos para compor o corpo ministerial de Lula, mas o presidente ainda não definiu quais pastas eles vão comandar.
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Apesar do desejo do centrão pelos ministérios liderados por mulheres, Lula quer manter o controle dessas pastas. Para não demitir atuais ministros e mesmo assim ampliar a presença do centrão na Esplanada, a equipe do presidente estuda a viabilidade de criar ministérios.
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As conversas no Palácio do Planalto giram em torno do desmembramento da pasta de Portos e Aeroportos. Caso isso aconteça, o atual ministro, Márcio França, ficaria responsável apenas por Portos. Além disso, o governo analisa a possibilidade de criar o Ministério da Pequena e Média Empresa, que hoje é uma secretaria do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.