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STM absolve militares condenados pela morte de músico metralhado no Rio

Pena dos militares foi reduzida de 30 para três anos pela morte do catador de latinhas Luciano Macedo, que também morreu na ação

Brasília|Thays Martins, do R7, em Brasília

Evaldo tinha 51 anos e teve o carro alvejado por 82 tiros Reprodução

O STM (Superior Tribunal Militar) absolveu os oito militares condenados em 1º instância pela morte do músico Evaldo dos Santos Rosa. O músico teve o carro alvejado por 80 tiros de fuzil em 2019, na zona norte do Rio de Janeiro. A pena dos militares foi reduzida para três anos, em regime aberto, pela morte do catador de latinhas Luciano Macedo, que também morreu na ação, e a lesão corporal contra Sérgio Gonçalves de Araújo, sogro de Evaldo.

A maioria dos ministros decidiu acompanhar o voto do relator Carlos Augusto Amaral, que entendeu que não há provas de que Evaldo foi morto pelos militares. Em 2021, a Justiça Militar da União condenou os oito militares a penas que variavam de 28 anos a 31 anos de prisão pelos crimes de homicídio doloso contra Evaldo e o catador de latinhas Luciano Macedo e por tentativa de homicídio contra Sergio Gonçalves de Araújo, sogro de Evaldo.

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Foram condenados o tenente Ítalo da Silva Nunes, o sargento Fabio Henrique Souza Braz da Silva, o cabo Leonardo de Oliveira de Souza, e os soldados Gabriel Christian Honorato, Gabriel da Silva de Barros Lins, João Lucas da Costa Gonçalo, Marlon Conceição da Silva e Matheus Santanna Claudino.

Os militares recorreram em liberdade. Na sessão de hoje, além da absolvição pelo homicídio doloso contra Evaldo, o homicídio contra Luciano passou para culposo (quando não há intenção de matar) e o crime contra Sérgio foi desclassificado para lesão corporal.


Durante a sessão, a ministra Maria Elizabeth Rocha, que votou para manter as condenações, afirmou que o crime envolveu o racismo estrutural. ”O que aconteceu, na realidade, foi um crime militar, baseado na ideia de que homens pretos e pobres em regiões de comunidade são bandidos, e, por isso, devem ser punidos", disse a ministra, eleita a primeira presidente mulher do STM.

A ministra foi rebatida pelo relator. “Só por curiosidade, a gente ouviu falar tanto da questão do racismo, todos os condenados, a exceção do oficial, são pardos ou negros”, disse o ministro Carlos Augusto Amaral.


“O racismo estrutural estruturante também abarca as minorias. É o caso do sexismo onde as mulheres são vítimas, mas muitas delas também são misóginas. É só para dizer que mesmo aqueles grupos vulnerabilizados, estigmatizados, também impõem um preconceito diante de seus pares”, respondeu Maria Elizabeth.

Relembre

O carro de Evaldo dos Santos Rosa foi atingido por cerca de 80 tiros em 7 de abril de 2019, quando ele ia para um chá de bebê com a família, em Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro. Naquele momento, oficiais do Exército faziam uma operação, acusada de ser ilegal pelo Ministério Público Militar, na Estrada do Camboatá.


Também estavam no carro a esposa de Evaldo, o filho do casal, de 7 anos, uma amiga e o sogro, que também ficou ferido. Luciano Machado, um catador de latinhas que passava pelo local, tentou socorrer Evaldo e também acabou morto.

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