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SUS começa oferecer teste rápido para detectar hanseníase 

A política pública é inédita no mundo e tem como objetivo contribuir para a eliminação da doença que é endêmica no Brasil 

Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília

Hanseníase é uma doença crônica e endêmica no Brasil
Hanseníase é uma doença crônica e endêmica no Brasil

Com o objetivo de eliminar a hanseníase no Brasil, o SUS (Sistema Único de Saúde) vai passar a oferecer o teste rápido para auxiliar no diagnóstico da doença. É a primeira vez que um país incorpora o exame como política pública no mundo. O anúncio foi dado nesta terça-feira (25), em cerimônia no Ministério da Saúde, e faz parte das ações do Janeiro Roxo, mês de conscientização contra a enfermidade. 

"É uma grande conquista, porque com um sistema de saúde de acesso universal tão abrangente como o nosso, o Brasil é o primeiro país do mundo a incorporar esses exames e oferecê-los gratuitamente", comemorou o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

O ministro afirmou que, apesar da novidade ser positiva, ela vem com certo atraso. "Já deveríamos ter aplicado essa política pública", disse, frisando que a medida se trata de uma obrigação. "Onde não há retorno econômico, muitas vezes as farmacêuticas viram as costas. Então é necessário um esforço conjunto da União, estados e municípios para que consigamos ter uma vigilância em saúde mais eficiente", destacou. 

Os testes rápidos vão auxiliar no diagnóstico da hanseníase. O paciente ainda vai depender da análise clínica mais detalhada, sobretudo na pele e nervos periféricos, locais em que a doença mais se manifesta. Para a testagem, o ministério pretende investir R$ 3,7 milhões em 2022. Os testes rápidos vão ser oferecidos nas Unidades Básicas de Saúde dos 27 entes federados. Já os exames de biologia molecular, que requerem uma estrutura laboratorial mais complexa, vão ser limitados aos Lacen (Laboratórios Centrais de Saúde Pública). 


Doença endêmica

A doença é endêmica no Brasil, na Índia e na Indonésia e sua eliminação está listada na agenda sanitária internacional. O 3º Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU (Organização Mundial de Saúde) tem a meta de combater às epidemias de doenças transmissíveis e tropicais negligenciadas até 2030.

De 2016 a 2020, foram diagnosticados 155,3 mil novos casos de hanseníase no Brasil, sendo 19,9 mil com o grau 2 de incapacidade física, o estágio mais grave da doença. De acordo com o novo boletim epidemiológico, no período de dez anos, o país apresentou uma redução de 30% na taxa de prevalência. "Contudo, não houve mudança no parâmetro de endemicidade oficial, que se conservou como médio". 


Na cerimônia, o Secretário de Vigilância em Saúde, Arnaldo Correia, ressaltou que houve uma diminuição dos diagnósticos com o início da pandemia da Covid-19. "A gente entende porque é uma doença crônica, muitas vezes de progressão lenta, e que não gera uma grande urgência e emergência hospitalar e os pacientes não tiveram uma oportunidade de serem diagnosticados", disse.

Em 2020, a taxa de detecção caiu para 8,49 a cada 100 mil habitantes. Em 2019, a taxa foi de 13,23. Segundo a pasta, o diagnóstico e tratamento precoce são fundamentais para evitar o agravamento e sequelas. "Enfrentamos uma doença circular e milenar, em que quem trata, cura", destacou Correia.


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A hanseníase acomete nervos periféricos e pele, podendo causar incapacidade física, principalmente nas mãos, pés e olhos. Os principais sintomas são dormência, formigamento, diminuição de força ou perda de sensação de calor, dor e tato, além de manchas brancas ou avermelhadas. 

Apesar da gravidade e incidência, a doença é, muitas vezes, negligenciada no país, ressaltou Queiroga. Para reduzir a carga da doença até o fim de 2022, o ministro destacou ser imprescindíveis a vigilância e o exame dos comunicantes dos casos da doença. Os profissionais de saúde também devem fazer a busca ativa para diagnosticar e tratar novos casos. 

"Não é nenhum favor, é uma obrigação. E que essa política pública não seja só uma promessa inconsequente, mas que tenha concretude na prática", declarou o cardiologista. "Através de terapia adequada, vamos fazer com que os pacientes sejam curados. Está em nossas mãos. Vamos trabalhar juntos e fazer nosso dever de casa."

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