Tarifa de 50% vai inviabilizar exportação de materiais de construção, avalia entidade
Análise considera impacto das tarifas dos EUA em alguns segmentos de exportação brasileira; entenda
Brasília|Do R7, em Brasília
RESUMO DA NOTÍCIA
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A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, que começa a valer a partir do dia 1º de agosto, deve inviabilizar a exportação de materiais de construção. A avaliação é do presidente executivo da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), José Augusto de Castro. Ao R7, o especialista explicou que a exportação desses materiais, como pedras, gesso, cimento e amianto, enfrentam um momento desafiador.
“Isso se deve, fundamentalmente, ao fato de serem produtos de baixo valor agregado para exportação, com um custo de transporte significativamente elevado. A imposição de uma sobretaxa de 50% sobre um produto já de baixo valor compromete diretamente sua competitividade. Torna-se, assim, inviável a exportação desses itens para os Estados Unidos, pois o aumento de preço os torna proibitivos”, observou.
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Outro setor em risco com as tarifas é o de aeronaves. “Os Estados Unidos representam o maior mercado importador mundial. Naturalmente, o interesse em comercializar para este mercado é universal; porém, a imposição de uma sobretaxa de 50% altera drasticamente o cenário. O que era anteriormente competitivo, tornou-se significativamente menos atrativo”, pontuou Castro.
O presidente executivo da AEB acrescenta ainda que o segmento de moluscos, peixes e crustáceos deve ser afetado de forma abrangente.
“Tratam-se de produtos de baixo valor agregado, com um custo de obtenção relativamente elevado. Isso implica que, sem a incidência de tributos, a exportação se mostra competitiva, mas com a tributação, sua viabilidade comercial é comprometida”, analisa.

Impactos em outros setores
Esses três segmentos, no entanto, não são os únicos que devem sofrer perdas com a tarifa de 50%. A medida adotada por Trump também pode comprometer a receita do agronegócio brasileiro, provocar desequilíbrios de mercado e pressionar os preços pagos aos produtores. O alerta é do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP.
Produtos mais expostos às tarifas:
- Suco de laranja
- Café
- Carne bovina
- Frutas frescas (manga e uva)
Segundo o Cepea, o suco de laranja é o mais sensível à nova política tarifária. Hoje, já há uma tarifa fixa de US$ 415 por tonelada; com a sobretaxa de 50%, o custo de entrada nos EUA aumentaria significativamente, comprometendo a competitividade do produto brasileiro. Os EUA importam cerca de 90% do suco que consomem, sendo que o Brasil responde por 80% desse total.
Impacto no setor de rochas
A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos às importações de rochas naturais brasileiras ameaça paralisar as exportações do setor e já causa prejuízos bilionários. Desde o anúncio da medida, no último dia 9 de julho, estima-se que 60% dos embarques destinados ao mercado norte-americano tenham sido suspensos, segundo a Centrorochas (Associação Brasileira de Rochas Naturais).
O impacto recai com mais força sobre o Espírito Santo, estado de onde partem 95% dos contêineres exportados aos EUA. A projeção é de que, até o fim de julho, cerca de 1.140 contêineres deixem de ser enviados, representando uma perda de aproximadamente US$ 38 milhões. No total, o prejuízo nacional pode chegar a US$ 40 milhões neste mês.
A medida acendeu o alerta também entre entidades norte-americanas da construção civil. O Natural Stone Institute, em parceria com a poderosa National Association of Home Builders, articula um pedido formal de adiamento de 90 dias da entrada em vigor da tarifa, prevista para 1º de agosto.
O temor é de que a restrição afete toda a cadeia produtiva. Ao todo, 85% da pedra natural consumida nos EUA é importada, e o Brasil é o principal fornecedor, respondendo por 22,6% das importações. A tarifa pode atingir mais de 12 mil fabricantes, 500 distribuidores e cerca de 200 mil empregos nos Estados Unidos.
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