Tebet diz esperar que Banco Central tenha explicação 'justa e imparcial' sobre juros altos
Ministra do Planejamento afirmou que, apesar de desagradar ao governo, a manutenção da Selic em 13,75% não surpreendeu
Brasília|Hellen Leite, do R7, em Brasília
A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse nesta quinta-feira (23) que espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central apresente uma explicação "imparcial e justa" sobre a manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 13,75% ao ano.
Tebet disse ainda que, apesar de desagradar ao governo, a manutenção da Selic em patamar alto não surpreendeu. "Já esperávamos, ainda que não quiséssemos. Então vamos aguardar a ata, porque também, como foi da última vez, a meu ver, saiu muito mais apertado do que prevíamos”, comentou.
A próxima reunião do Copom deve acontecer em maio. Até lá, a ministra disse acreditar que o governo tenha condições de avançar na proposta da reforma tributária e na elaboração do novo arcabouço fiscal, que é o conjunto de regras que determinam como o governo pode gastar as verbas do Orçamento de forma a garantir que a União mantenha a capacidade de honrar seus compromissos.
"Que a ata [do Copom] traga, obviamente, os fatores internos e externos que levaram o BC a manter a taxa de 13,75%, mas que também reconheça os fatos, que mostram o esforço que o governo federal está fazendo para que nós possamos conter os gastos públicos, apresentando os projetos sociais relevantes, mas com responsabilidade fiscal."
Déficit fiscal
Tebet também disse que o déficit nas contas do governo deve ficar na casa dos R$ 120 bilhões em 2023. O valor estimado pela ministra está acima do que foi divulgado na terça-feira (21) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que informou que o déficit ficaria em torno de R$ 107 bilhões.
O número também diverge do que foi divulgado pelo acompanhamento da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, nesta quarta-feira (22), que informou previsão de déficit na casa dos R$ 125 bilhões.
"É uma projeção, mas ela está caminhando no sentido que nós queremos, de que o déficit fiscal no Brasil não se encerrará com R$ 230 bilhões, mas algo em torno, agora, com essa projeção, de R$ 107 bilhões. Podemos ter uma pequena alteração quando vier o reajuste do salário mínimo em torno de mais alguns gastos, em R$ 120 bilhões", esclareceu.