‘Temos um período crítico vindo aí‘, diz presidente do ICMBio sobre seca no Brasil
Mauro Pires afirma que outubro e novembro serão decisivos; seca que começou em 2024 é a pior dos últimos 74 anos
Brasília|Do R7
O presidente do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), Mauro Pires, afirma que os próximos meses, principalmente outubro e novembro, serão importantes para influenciar a seca de algumas regiões. Segundo ele, a estiagem que começou em 2023 é a pior dos últimos 74 anos, e ela segue influenciando o clima. “Temos um período crítico vindo aí”, declara.
“Cada vez mais parece que o aquecimento está levando a antecipação do período de seca e também à sua própria extensão”, explica. Em entrevista exclusiva à RECORD, o presidente esclareceu que a falta de chuva na região da floresta Amazônica afeta o período de precipitação em outras regiões, como no Centro-Oeste.
Segundo Pires, as temperaturas estão sendo influenciadas pelas mudanças climáticas, que por consequência criam períodos de seca e impactos mais graves a cada ano. “O que é extraordinário está se tornando cotidiano”, relata.
Um dos problemas potencializado pelas secas são os incêndios, principalmente em áreas florestais. O presidente afirma que o trabalho com a prevenção é importante para evitar consequências graves. “Nós devemos trabalhar com um lado de prevenção e outro na adaptação”, explica. Para ele, é essencial acontecer uma mudança na sociedade, para que as pessoas se adaptem para não utilizar o fogo e buscar outras estratégias.
Para Pires, o aumento da punição para crimes ambientais é um ponto importante. Ele afirma que, atualmente, a pena para esse tipo de crime é “relativamente curta”, mas as pessoas estão se conscientizando mais da relevância dessas infrações. A Polícia Federal abriu 85 inquéritos para investigar incêndios criminosos em todo o país.
Cestas básicas
O ICMBio (Instituto Chico Mendes) vai enviar, nos próximos meses, cerca de 300 mil cestas básicas para apoiar 40 mil famílias que moram dentro de reservas extrativistas e florestas nacionais no Amazonas que estão sendo afetadas pela seca. A medida é uma parceria com o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome), sendo que o instituto é responsável pelo transporte.
O presidente do ICMBio confirmou que o instituto vai receber R$ 62 milhões dos R$ 514 milhões que foram liberados pelo governo federal para combate a incêndios. Desse total, cerca de R$ 45 milhões vão ser destinados ao combate direto do fogo, como contratação de brigadistas, compra de equipamentos, veículos, combustíveis, etc.
“Um crime que prejudica a coletividade devia ter um peso maior”, pontua.