The Economist: rumo da economia brasileira é ruim para o país
Revista faz duras críticas à política econômica do governo e chama de 'dissimulada' a tentativa de Guedes de furar teto de gastos
Brasília|Carlos Eduardo Bafutto, do R7, em Brasília
A revista britânica The Economist publicou um artigo em que avalia a condução da política econômica brasileira como ruim para o país. No texto, divulgado neste sábado (13), a revista lembra que, “em setembro de 2019, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ao Congresso que poderia 'fazer história' mantendo o orçamento sob controle, acrescentando que 'a classe política não deveria estar perseguindo ministros, implorando por dinheiro'”.
No entanto, ainda de acordo com a publicação, “agora, Guedes está apoiando uma tentativa dissimulada do governo de contornar o limite constitucional para os gastos públicos estabelecido em 2016, o que foi um passo crucial para endireitar as finanças do país.”
A revista faz duras críticas ao ministro e ao presidente que, segundo a publicação, marcam o retorno do país à incontinência fiscal, à volta da inflação e ao baixo crescimento. O texto diz ainda que “as travessuras orçamentárias criaram incerteza sobre o futuro do principal programa social do país”. A revista destaca que "as promessas de reformas econômicas foram substituídas pela luta de Bolsonaro por dinheiro para comprar apoio político e popularidade".
Em entrevista a uma agência de notícias britânica, Guedes rebateu as críticas da revista The Economist dizendo que a publicação “deveria olhar para o seu próprio umbigo”. Segundo o ministro, o Brasil é melhor que as grandes economias, principalmente se comparado com o Reino Unido, local de origem do periódico. "Eles continuam subestimando o Brasil. Eles subestimaram quando caímos e acho que vão se enganar de novo", afirmou Guedes.
Esclarecimentos à Câmara
Além do descrédito de sua política econômica no exterior, Guedes enfrenta desafios em Brasília. Ele foi convocado pela Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados para dar explicações sobre sua offshore nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal no Caribe. O ministro já disse em diversos momentos ser favorável a uma política cambial com dólar elevado, sistema que valoriza investimentos na moeda estrangeira em offshores como a dele. Desde que entrou no governo, Paulo Guedes lucrou mais de R$ 16 milhões com a desvalorização do real.
Paulo Guedes deveria comparecer na próxima terça-feira (16) a uma audiência na Câmara para esclarecer à comissão suas movimentações no paraíso fiscal, mas enviou na sexta-feira (12) um ofício para informar que estará ausente. Ele justificou a ausência com a viagem oficial a Dubai com o presidente Jair Bolsonaro. No documento enviado à Câmara, Guedes pediu "a compreensão e a gentileza” para que sejam acolhidas como suficientes as informações prestadas em documentos enviados à Casa em 9 de novembro.
O presidente da comissão, deputado Afonso Motta (PDT -RS), disse ao R7 que a audiência foi reagendada. "Ele justificou que estará em Dubai com o presidente esta semana. Já o reconvoquei para o dia 23 [de novembro] às 9h30", afirmou Motta.