Torres diz que nunca questionou resultado das eleições e que prisão foi 'tiro de canhão no peito'
Em depoimento à Polícia Federal, ex-ministro da Justiça nega que tenha responsabilidade pelos ataques em Brasília
Brasília|Renato Souza, do R7, em Brasília
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres afirmou, durante audiência de custódia, que nunca questionou o resultado das eleições. Torres afirmou ainda que a prisão dele, decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi "um tiro de canhão" em seu peito.
A audiência de custódia ocorreu no dia 14 deste mês. Torres cumpre prisão preventiva no 4º Batalhão da Polícia Militar, na região administrativa do Guará, no Distrito Federal. As suspeitas são de que ele teria sido omisso durante os ataques realizados em Brasília no dia 8 deste mês. Torres tem direito a cela especial por ser delegado da PF.
O ex-ministro disse que foi o primeiro a entregar relatórios ao governo de transição e que colaborou com a troca de governo. "Eu jamais questionei resultado de eleição, não tem uma manifestação minha nesse sentido, eu fui o primeiro ministro a entregar os relatórios", afirmou ele.
Anderson Torres disse que não tem relação com os ataques realizados em Brasília que resultaram na invasão das sedes dos Três Poderes. "Realmente, essa prisão e essa acusação me pegaram muito de surpresa, a audiência de custódia não é o local de falar nada sobre isso, mas quero dizer que não tenho nada a ver com os fatos. Isso foi um tiro de canhão no meu peito, eu estava de férias, umas férias sonhadas por mim e pela minha família, isso foi um tiro de canhão no meu peito, no segundo dia de férias, acontece esse crime horrendo em Brasília e esse atentado contra o país e eu fui responsabilizado por isso", afirmou.
De acordo com o governador afastado do DF, Ibaneis Rocha, o ex-ministro, que estava lotado no cargo de secretário de Segurança Pública no DF quando ocorreram os atentados, não se encontrava de férias. O período de descanso, de acordo com Ibaneis, começava apenas no dia 9. O governador também afirma que não houve aviso por parte de Torres sobre o afastamento dele do cargo antes da data prevista.