Transfusões de plaquetas no DF crescem 133% nos últimos 6 anos
Dados levantados pelo R7 apontam também para aumento de 144% das transfusões de sangue; Hemocentro pede doações
Brasília|Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
Em seis anos, as transfusões de plaquetas no Distrito Federal aumentaram 133%, segundo dados obtidos de forma exclusiva pelo R7 junto à Fundação Hemocentro de Brasília. Os números saltaram de 13,6 mil, em 2018, para 31,7 mil, em 2023. No mesmo período houve também crescimento de 144% das transfusões de sangue: de 65,3 mil para 91,7 mil.
Neste ano, a demanda por plaquetas também está crescente. Nos dois primeiros meses, já foram feitas 6,7 mil transfusões de plaquetas no DF, um aumento de 34,7% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 5 mil procedimentos realizados.
O cenário é agravado pelos casos de dengue. Segundo a Fundação Hemocentro, pelo menos 30% das demandas são de pacientes com a doença. Atualmente, o DF já registrou 161,7 mil casos prováveis e 147 mortes, além de 177 ainda em investigação.
Diante do cenário de alta demanda, o Hemocentro pede o reforço das doações. Atualmente, o estoque da capital dos tipos sanguíneos O-, B-, AB- e A+ está em estado crítico.
Crescimento populacional
Questionado sobre o aumento das transfusões dos últimos anos, o Hemocentro apontou que uma das causas é o crescimento populacional. "Outro fator relevante é o aumento na oferta de leitos hospitalares, que possibilita a realização de mais procedimentos cirúrgicos e tratamentos que podem requerer transfusões", apontou.
O órgão também avaliou que o acesso expandido aos serviços de saúde permitem que um número maior de pessoas tenham acesso a tratamentos médicos complexos. Para lidar com o crescimento, a Fundação Hemocentro diz que realiza diversas ações de captação e fidelização dos doadores.
"Realizamos diariamente ações de convocação de doadores regulares por meio de call center e e-mail marketing. Promovemos campanhas também nas mídias sociais e por meio de ações de assessoria de imprensa. Também mantemos contato permanente com multiplicadores de empresas públicas e privadas, escolas, faculdades, igrejas, ONGs e outras instituições."
Algumas das medidas do Hemocentro, por exemplo, é oferecer transporte gratuito para buscar e levar grupos de doadores de 10 a 15 pessoas de qualquer ponto do DF e algumas localidades do entorno. Além disso, em fevereiro do ano passado, foi inaugurado a Unidade Móvel de Coleta de Sangue, que recebe voluntários.
"É importante que o doador saiba que o Hemocentro atende toda a rede pública de saúde do Distrito Federal, além de hospitais conveniados. Não há substituto para o sangue, e uma única doação de sangue pode salvar até quatro vidas, já que após o processamento do sangue, a bolsa é dividida em até quatro hemocomponentes (partes do sangue que vão para os pacientes: hemácias, plaquetas, plasma e crioprecipitado)", explica o órgão.
O Hemocentro alerta para a importância da doação regular. "Os hemocomponentes possuem validade. As plaquetas, por exemplo, têm validade de apenas cinco dias. Então, nossa necessidade é constante".
Quem pode doar
Para ser um doador, é preciso ter entre 16 e 69 anos, pesar mais de 51 kg e estar saudável. Para quem passou por cirurgia, exame endoscópico ou adoeceu recentemente, a recomendação é consultar o site do Hemocentro para saber se está apto a doar sangue.
Em caso de dengue, é necessário aguardar 30 dias após o fim dos sintomas para se candidatar à doação de sangue. Para quem teve dengue hemorrágica, o prazo é de seis meses. Se a pessoa teve contato sexual com pessoas que tiveram dengue nos últimos 30 dias, é preciso esperar 30 dias desde a última relação para doar sangue.
Quem teve gripe deve aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas. Quem teve Covid-19 deve aguardar 10 dias após o fim dos sintomas, desde que sem sequelas. Se assintomático, o prazo é contado da data de coleta do exame.