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‘Um absurdo’: o que diz Bolsonaro sobre o inquérito da Polícia Federal

Ex-presidente afirma que nunca pensou em dar um golpe de Estado após as eleições presidenciais de 2022

Brasília|Do R7, em Brasília

Bolsonaro criticou condução de inquérito no qual foi indiciado
Bolsonaro criticou condução de inquérito no qual foi indiciado Reprodução/RECORD - 25.11.2024

Indiciado pela Polícia Federal por supostamente tentar um golpe de Estado após as eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro rebateu as informações da investigação policial e garantiu que nunca pensou em golpe. Segundo ele, essa palavra ”nunca esteve no meu dicionário“. Bolsonaro ainda frisou que é “absurdo” afirmar que ele pensou nessa medida para continuar como presidente.

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“Vamos tirar da cabeça essa história de golpe, ninguém vai dar golpe com general da reserva e mais meia dúzia de oficiais. É um absurdo o que estão falando. Da minha parte, nunca houve discussão de golpe. Se alguém viesse discutir golpe comigo, eu falaria ‘tudo bem, e o after day? Como fica o dia seguinte? Como fica o mundo perante a nós? Todas as medidas possíveis dentro das quatro linhas, dentro da Constituição, estudei”, disse ele a jornalistas após desembarcar no Aeroporto de Brasília nessa segunda-feira (25).

“Golpe de Estado tem que ter a participação de todas as Forças Armadas, senão não é golpe de Estado. Ninguém dá golpe de Estado em um domingo, em Brasília, com pessoas que estavam aí com bíblias debaixo do braço e bandeira do Brasil na mão, nem usando estilingue e bolinha de gude e muito menos batom. Não tinha um comandante", acrescentou.

Segundo Bolsonaro, o inquérito da PF foi conduzido sem a participação do Ministério Público e alterado para atender às vontades de quem estava responsável pela investigação.


“O inquérito não tem a participação do Ministério Público, a mesma pessoa faz tudo. E no final dá o relatório e vota para condenar quem quer que seja. Golpe de Estado é uma coisa séria. Tem que estar envolvido todas as Forças Armadas. Senão, não existe golpe. Ninguém vai dar golpe com um general da reserva e mais meia dúzia de oficiais“, pontuou.

“Não justifica denunciar da forma leviana como está sendo feito. Os inquéritos, ninguém tem dúvida, até pelos áudios vazados, que o processo todo é conduzido, é alterado o tempo todo. Inclusive, tem um grau de sigilo o mais alto possível para ser alterado à maneira que convém ao encarregado do inquérito", destacou Bolsonaro.


Íntegra do relatório

O STF (Supremo Tribunal Federal) divulgou nesta terça-feira (26) o relatório da investigação da Polícia Federal que levou ao indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 36 pessoas por suposta tentativa de golpe de Estado. Leia a íntegra do documento a seguir.

A PF indiciou os investigados pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.


No documento, a Polícia Federal apontou que as provas obtidas ao longo da investigação sobre uma suposta tentativa de golpe de Estado demonstram “de forma inequívoca que o então presidente da República Jair Bolsonaro planejou, atuou e teve o domínio de forma direta e efetiva dos atos executórios realizados pela organização criminosa que queria a concretização de um golpe de Estado".

A PF afirma que o ex-presidente tinha “conhecimento e anuência" de uma carta elaborada por oficiais superiores do Exército ao então comandante do Exército, Freire Gomes, para pressioná-lo a aderir ao suposto golpe.

A corporação chegou à constatação devido a uma conversa entre o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e o tenente-coronel Sérgio Cavaliere.

“Após Mauro Cid pedir para Sergio Cavaliere entrar em contato com o Coronel Anderson Moura, Cavaviere responde: ‘Falei com ele’. Mauro Cid diz: ‘Excelente’. Em seguida, Sergio Cavaliere faz a seguinte pergunta: ’01 sabe disso?‘. Mauro Cid responde: ’sabe...‘.“

Para a Polícia Federal, “as trocas de mensagens evidenciam que a confecção e disseminação da Carta com teor golpista, assinada por oficiais do Exército era de conhecimento e anuência do então presidente da República Jair Bolsonaro, sendo uma estratégia para incitar os militares e pressionar o Comando do Exército a aderir a ruptura institucional."

Veja a lista completa dos indiciados

  1. Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República
  2. Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro
  3. Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça e Segurança Pública
  4. Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
  5. Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, ex-ministro da Defesa
  6. Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa e candidato a vice de Bolsonaro em 2022
  7. Valdemar Costa Neto, presidente do PL
  8. Alexandre Rodrigues Ramagem, deputado federal e ex-diretor-geral da Abin (Agência Brasileira de Investigação)
  9. Filipe Garcia Martins, ex-assessor especial para assuntos internacionais de Bolsonaro
  10. Ailton Gonçalves Moraes Barros, ex-major do Exército
  11. Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, coronel do Exército
  12. Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha
  13. Amauri Feres Saad, advogado
  14. Anderson Lima de Moura, coronel do Exército
  15. Angelo Martins Denicoli, major da reserva do Exército
  16. Bernardo Romao Correa Netto, coronel do Exército
  17. Carlos Cesar Moretzsohn Rocha, engenheiro
  18. Carlos Giovani Delevati Pasini, coronel do Exército
  19. Cleverson Ney Magalhães, coronel do Exército
  20. Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira, general do Exército
  21. Fabrício Moreira de Bastos
  22. Fernando Cerimedo, consultor político
  23. Giancarlo Gomes Rodrigues, subtenente do Exército
  24. Guilherme Marques de Almeida, coronel do Exército
  25. Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército
  26. José Eduardo de Oliveira e Silva, padre
  27. Laercio Vergilio, general da reserva do Exército
  28. Marcelo Bormevet, policial federal
  29. Marcelo Costa Câmara, coronel do Exército
  30. Mario Fernandes, general da reserva do Exército
  31. Nilton Diniz Rodrigues, general do Exército
  32. Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho, economista e blogueiro
  33. Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército
  34. Ronald Ferreira de Araujo Junior, tenente-coronel do Exército
  35. Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército
  36. Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro
  37. Wladimir Matos Soares, policial federal

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