Vacinação em crianças: diretores da Anvisa recebem ameaça de morte
Os criminosos contestaram uma possível vacinação para o público abaixo de 12 anos e também ameaçaram escolas do Paraná
Brasília|Bruna Lima, do R7, em Brasília
Os cinco diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) foram ameaçados de morte na hipótese de aprovarem a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19. A mensagem de intimidação foi enviada por email aos representantes da Diretoria Colegiada responsáveis por deliberar sobre o assunto.
O fato foi confirmado pela Anvisa por meio de nota nesta sexta-feira (29), mas as ameaças ocorreram na manhã de quinta. Detalhes do conteúdo da mensagem não foram divulgados. "Diante da gravidade do fato, a Anvisa informa que oficiou imediatamente às autoridades policiais e ao Ministério Público, nos âmbitos Federal, Estadual e Distrital, para adoção das medidas cabíveis", afirmou a agência.
De acordo com a Anvisa, foram acionados o Ministério Público Federal (MPF), os ministérios da Justiça, da Saúde e a Casa Civil, o Supremo Tribunal Federal (STF) e as presidências da República, do Senado e da Câmara dos Deputados. No âmbito local, o Ministério Público do Paraná e as secretarias de Segurança Pública do Paraná e do Distrito Federal foram notificados.
As oficializações se estenderam às autoridades do Paraná porque, além dos diretores da reguladora, foram alvo de ameaças de morte dirigentes de instituições escolares do estado.
A Anvisa ainda não recebeu novos pedidos para autorizar a vacinação contra a Covid-19 em crianças, mas a farmacêutica Pfizer anunciou que, em novembro, entrará com o pedido para vacinar o público de 5 a 11 anos. A nova demanda tem como base o ensaio, realizado com aproximadamente 2.000 crianças, que revelou 90,7% de eficácia contra o novo coronavírus na faixa etária em questão.
Em junho, a Pfizer também conseguiu a autorização da agência para aplicar a vacina em adolescentes com 12 anos ou mais. Como já existe registro definitivo no Brasil, a expectativa é positiva para a aprovação do novo pedido.
Uma solicitação anterior, feita pelo Instituto Butantan, foi negada pela reguladora em agosto. A intenção era conseguir autorização para vacinar a faixa etária de 3 a 17 anos com a CoronaVac. A alegação da agência foi que não havia sido possível chegar a uma conclusão sobre a eficácia e a segurança da aplicação nesse público.