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R7 Brasília

‘Venezuela faz parte da família Brics’, diz Maduro mesmo com incertezas da entrada no bloco

Presidente venezuelano participou de agenda do grupo, em Kazan, na Rússia; lista de nações convidadas pode sofrer alterações

Brasília|Luiz Fara Monteiro, da RECORD, com Plínio Aguiar, do R7

Maduro diz que Venezula faz parte da família dos Brics Marcelo Camargo/Agência Brasil - 30.05.2023

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, afirmou nesta quinta-feira (24) que a Venezuela “faz parte da família dos Brics”. A declaração foi dada em reunião do grupo, em Kazan, na Rússia, mesma diante das incertezas sobre a entrada do país sul-americano ao bloco econômico informal. Uma lista informal, que contém as nações convidadas, foi vazada à imprensa, mas pode sofrer alterações até o fim do evento.

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“Os Brics são o epicentro do nascimento e parte histórica desse novo mundo. Um mundo com valores e princípios profundamente humanos. Como eu dizia ao presidente [Vladimir] Putin [da Rússia] ontem na nossa reunião bilateral, a Venezuela faz parte da família dos Brics. Agradeço ao convite que foi feito. É a primeira vez que a Venezuela participa de uma cúpula dos Brics com essas características e nós aplicamos os princípios dos Brics com convicção histórica”, disse Maduro.

Apesar da declaração, a Venezuela ainda não faz parte dos Brics. Nesta semana, o grupo fechou a lista dos países candidatos ao status de parceiros do time. São eles: Turquia, Indonésia, Argélia, Belarus, Cuba, Bolívia, Malásia, Uzbequistão, Cazaquistão, Tailândia, Vietnã, Nigéria e Uganda. O país governado por Maduro ficou de fora inicialmente após pressão do governo brasileiro.

Agora, cada nação precisa bater o martelo sobre a entrada em um futuro próximo, a fim de evitar situações semelhantes à da Argentina. A lista, porém, pode ser modificada, uma vez que a cúpula ainda não foi finalizada e há chances de articulação interna. Nesse caso, a Rússia, como presidente temporária do bloco, pode fazer mudanças em relação aos países convidados.


Questionado pela RECORD se havia alguma chance de o Brasil vetar a participação venezuelana, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, respondeu: “tudo será examinado pelos chefes de Estado”. Nas discussões internas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou o desejo contrário à entrada da Venezuela no bloco. Até o momento, o Brasil não reconheceu a vitória de Maduro nas eleições. O ditador não apresentou as atas eleitorais do pleito, o que colocou em xeque sua governança.

A cúpula dos Brics se encerra nesta quinta-feira (24), com evento marcado por diálogos com países e organizações convidadas. Em 1º de janeiro de 2025, o Brasil assume o comando do grupo. No total, o bloco informal representa mais de 42% da população mundial, 30% do território do planeta, 23% do PIB global e 18% do comércio internacional.


Críticas de chanceler brasileiro

Em seu discurso, o chanceler brasileiro criticou diversos países que se dizem “defensores dos direitos humanos”, mas que “fecham os olhos” para as guerras, como na Ucrânia e na Faixa de Gaza. De acordo com Vieira, foram as nações do Sul Global, como Brasil e China, que se articularam para o eventual término das “hostilidades” nessas regiões.

“Foram os países do Sul Global que votaram a favor da resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas que pede a cessação das hostilidades. Enquanto isso, o papel desempenhado por outros países tem sido, no mínimo, decepcionante, para não dizer conivente. Os que se arrogam defensores dos direitos humanos fecham os olhos diante da maior atrocidade da história recente”, afirmou Vieira.


O ministro citou ações feitas por países do Sul Global: a iniciativa pela paz capitaneada pela Liga Árabe para a resolução do conflito entre Israel e Palestina; a ajuda humanitária promovida pelo Egito para os mais necessitados em Gaza; a resolução de paz apresentada pelo Brasil sobre o conflito no Oriente Médio e as ações protocoladas na Justiça pela África do Sul.

“Foi o Brasil quem, na presidência do Conselho de Segurança, em outubro passado, primeiro propôs uma resolução sobre a atual situação [em Gaza], rejeitada pelo veto de um único país [Estados Unidos]... Deixam, assim, desmoronar a autoridade do Conselho de Segurança e a integridade do Direito Internacional Humanitário”, disse.

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