Vieira defende atuação do Sul Global diante de guerras e critica nações que ‘fecham os olhos’
Chanceler brasileiro citou ações realizadas por nações, como Brasil e China, para fim da guerra na Ucrânia e em Gaza
Brasília|Plínio Aguiar, do R7, com Luiz Fara Monteiro, da RECORD
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, criticou, nesta quinta-feira (24), diversos países que se dizem “defensores dos direitos humanos”, mas que “fecham os olhos” para as guerras, como na Ucrânia e na Faixa de Gaza. De acordo com o chanceler brasileiro, foram as nações do Sul Global, como Brasil e China, que se articularam para o eventual término das “hostilidades” nessas regiões.
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“Foram os países do Sul Global que votaram a favor da resolução da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas que pede a cessação das hostilidades. Enquanto isso, o papel desempenhado por outros países tem sido, no mínimo, decepcionante, para não dizer conivente. Os que se arrogam defensores dos direitos humanos fecham os olhos diante da maior atrocidade da história recente”, afirmou Vieira.
O ministro citou ações feitas por países do Sul Global: a iniciativa pela paz capitaneada pela Liga Árabe para a resolução do conflito entre Israel e Palestina; a ajuda humanitária promovida pelo Egito para os mais necessitados em Gaza; a resolução de paz apresentada pelo Brasil sobre o conflito no Oriente Médio e as ações protocoladas na Justiça pela África do Sul.
“Foi o Brasil quem, na presidência do Conselho de Segurança, em outubro passado, primeiro propôs uma resolução sobre a atual situação [em Gaza], rejeitada pelo veto de um único país [Estados Unidos]... Deixam, assim, desmoronar a autoridade do Conselho de Segurança e a integridade do Direito Internacional Humanitário”, disse.
“Essa é a mensagem que o entendimento Brasil-China busca promover, junto com mais onze países. Formamos um clube da paz para fomentar o diálogo e buscar uma solução duradoura. Essa solução duradoura só virá com o respeito ao direito internacional, incluindo os propósitos e princípios consagrados na Carta da ONU, e o papel central das Nações Unidas no sistema internacional. Precisamos de paz para voltar a nos concentrar nos maiores desafios do nosso tempo”, completou.
Segundo o chanceler brasileiro, não haverá paz enquanto não houver um Estado palestino independente. “E a decisão sobre sua existência foi tomada há 75 anos pelas Nações Unidas. Mas a mesma ONU que criou o Estado de Israel hoje se vê de mãos atadas. Não há justificativa para atos terroristas como os praticados pelo Hamas”., argumenta.
Vieira falou em reação desproporcional de Israel ao povo palestino. “Já foram lançados sobre Gaza mais explosivos do que os que atingiram Dresden, Hamburgo e Londres na Segunda Guerra Mundial. À medida que a violência se alastra para o Líbano, será necessária máxima cautela para que esse conflito não se transforme em uma guerra total. Evitar uma escalada também é crucial no conflito na Ucrânia”.
Cuba
Em seu discurso, Vieira defendeu a liberdade de Cuba diante das pressões e retaliações aplicadas pelos Estados Unidos. O ministro destaca que, por princípio, o Brasil é contrário às sanções unilaterais e cita que o país caribenho é afetado por mais de seis décadas. O chanceler fez um apelo para que as sanções sejam “imediatamente flexibilizadas”. “E, sobretudo, para que Cuba seja retirada da lista unilateral de Estados que patrocinam o terrorismo, o que, como sabemos, é injusto e injustificado.”