Demorou um bocado, mas chegou. A Citroën lançou neste mês de junho uma nova transmissão automática no Brasil, com seis velocidades, que passa a equipar a dupla C3 e AirCross. O câmbio enfim aposenta a velha caixa de quatro marchas, que ainda era vendida nos compactos. No caso do hatch, a mudança veio em excelente hora. Apagado nas vendas, o C3 carecia de uma transmissão que condissesse com sua aura premium. Mais do que isso, a concorrência não deixou escolha à marca francesa.
Modelos como Chevrolet Onix e Hyundai HB20, que lideram as vendas no País há dois anos, já dispunham de câmbios automáticos com seis velocidades. Detalhe: ambos são considerados compactos regulares, isto é, não-premium. Para além de questões mercadológicas, o Citroën C3 apresentava defasagem tecnológica que contradizia o próprio slogan da marca, que diz "Creative Technologie" (Tecnologia Criativa). Em resumo, era mudar ou mudar. E a nova transmissão enfim está instalada no hatch. Mas será o suficiente?
Enquanto os europeus já conheceram a terceira geração do C3 no Salão de Paris de 2016, o Brasil seguirá, ao menos até 2019, com a atual geração 2 do compacto. Mas isso não desmerece o hatch, que continua alinhado com a maioria dos rivais em projeto e conteúdos. Nas versões de base, é um dos modelos mais econômicos do País pelo Inmetro, graças ao moderno motor 1.2 Puretech de três cilindros. E agora, nas versões intermediária e de topo, usa apenas o 1.6 16V Flex Start sempre com a caixa automática de seis marchas.
Em conteúdo, a marca faz sua ofensiva. Passa a oferecer central multimídia como item padrão desde o C3 básico, com motor Puretech. O equipamento incluí a tela sensível ao toque de sete polegadas, com navegador GPS, Bluetooth, entradas auxiliar e USB e as plataformas MirrorLink (para celulares Android) e Apple Carplay (para iPhones). Outro item interessante é o ar-condicionado digital, também presente em todos os C3 na linha 2018. Some-se direção hidráulica, trio, ABS e airbags, e tem-se um pacote bem bacana.
Ao volante
Nosso contato durante a apresentação do novo C3 2018 foi breve, mas o suficiente para cravar que o modelo é outro carro com a nova transmissão automática de seis marchas, fornecida pela japonesa Aisin. Ao contrário da versão anterior, equipada com a defasada caixa de quatro marchas, o hatch agora apresenta suavidade e grande eficiência nas trocas. A Citroën fala em uma redução de até 7% no consumo de combustível, outro ganho importante. Pelo Inmetro, o modelo faz até 13 km/l com gasolina na estrada.
A nova transmissão oferece três diferentes modos de condução: Drive (que é a posição "D" normal), Sport (acionado no botão "S") e Eco, também ativado por tecla e que promete reduzir o consumo na cidade em até 5%, segundo a fabricante. O casamento com o motor 1.6 16V flex parece bastante harmonioso, e a sexta marcha atua como um overdrive, mantendo os giros baixos em velocidade de cruzeiro. Ou seja, enfim o C3 passa a oferecer, nas versões mais caras, um desempenho compatível com sua posição em preços e status.
Dinamicamente e visualmente, não foram promovidas alterações relevantes. O hatch lançado em agosto de 2012 mantém o estilo elegante e a cabine com acabamento agradável e bom espaço. Seus 2,46 metros de entre-eixos ganham amplitude com o teto alto, e o porta-malas de 300 litros está páreo frente aos principais adversários. O que melhorou em relação ao modelo que usava o câmbio de quatro marchas foi a acústica, agora mais agradável. O novo escalonamento com seis marchas anula os antigos brados do motor.
Na prática, o C3 mudou só o câmbio das versões 1.6 flex. Nas configurações com motor 1.2 Puretech, segue a transmissão manual de cinco marchas. Estas têm proposta mais voltada ao custo/benefício, enquanto as mais caras finalmente ganham uma injeção de ânimo para sustentar o status que o hatch promete desde quando estreou por aqui, em meados de 2003. O rearranjo de conteúdos também dá competitividade. Mas é algo momentâneo, para dar fôlego ao modelo enquanto a Citroën planeja os próximos passos.
FICHA TÉCNICA
Citroën C3 Exclusive 1.6 16V flex AT6
Motor: 1.6 16V, quatro cilindros, injeção eletrônica, flex
Potência: 115 cv (G) e 118 cv (E) @ 5.750 rpm
Torque: 16,1 kgfm @ 4.000 rpm (E) @ 4.750 rpm (G)
Câmbio: Automático sequêncial, seis marchas
Direção: Assistência elétrica; tração dianteira
Suspensão: Independente McPherson na frente, eixo de torção atrás
Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás
Pneus e rodas: 195/55 R16
Dimensões: 3,94 m (comp), 1,70 m (larg), 1,52 m (alt), 2,46 m (entre-eixos)
Peso: 1.202 kg
Tanque de combustível: 55 litros
Porta-malas: 300 litros
Aceleração 0-100 km/h: 12,8 segundos
Velocidade máxima: 190 km/h
Consumo urbano: 6,5 km/l (E) e 9.6 km/l (G)
Consumo rodoviário: 8,8 km/l (E) e 13,0 km/l (G)
Garantia: 3 anos
Preço sugerido: R$ 65.490