Uma coisa é inegável: a Fiat é a única montadora entre as quatro grandes do Brasil a oferecer versões esportivas de verdade — e não maquiagem — em seus carros abaixo de R$ 100 mil. A divisão Abarth faz bonito no pequenino 500. O Punto T-Jet também não é nada mal. Mas nem todos gozam do mesmo prestígio. Vejam o exemplo do novo Bravo: após meia década de vendas fracas, ganhou retoques discretos na lataria e uma nova tela no painel na linha 2016. Não por acaso, o hatch médio emplacou pouco até agora em 2015 — situação que tende a piorar com a chegada do novo Focus e do Golf nacional. É claro que isso não elimina suas qualidades, e uma delas é a versão turbo T-Jet, que avaliamos por uma semana.Salgadinho Por R$ 79.980, o Bravo traz ar digital, direção elétrica, piloto automático, assistente de partida em rampa, trio elétrico, sensor de obstáculo traseiro e controles de estabilidade e tração. Com todos os opcionais (bancos em couro, faróis de xênon, sensor de obstáculo dianteiro, air bags laterais, de cortina e para o joelho do motorista, sensores de chuva e luz e central multimídia com GPS e câmera de ré), o preço vai a salgados R$ 96.714. Sentado na cabine, o modelo oferece posição de guiar confortável. Os bancos têm bom apoio lateral e o volante em couro multifuncional, empunhadura firme. O acabamento é o ponto alto, mas a telinha da central multimídia deveria ser maior. Maior também deveria ser o espaço interno, sobretudo no banco traseiro, onde há pouco espaço para pernas e cabeça de adultos com mais de 1,75 metro. No porta-malas cabem razoáveis 378 litros — nem é muito, nem é pouco.Cão na coleira Dinamicamente, o modelo foi melhor na estrada do que na cidade. Em trechos urbanos, o acerto da direção elétrica alinhada à suspensão macia deixaram o carro um tanto solto em curvas e valetas. Em contrapartida, o nível de conforto é ótimo. O propulsor 1.4 turbo de 152 cavalos tem fôlego de sobra em altas rotações, mas deve em baixas (situação mais comum no trânsito). Ou seja, quando ele começa a desenvolver velocidade, o trânsito interrompe o fluxo. Como um cachorro rosnando na coleira, impossibilitado de atacar. Já na estrada a história muda. A direção fica mais durinha e o motor trabalha a todo o vapor, bem explorado pela caixa manual de seis marchas que alivia o giro em velocidade de cruzeiro — a 120 km/h, o ponteiro marcava pouco mais de 3.000 giros.Globais Além das deficiências, o Bravo T-Jet tem nos rivais outra barreira. Pelo mesmo valor do esportivo, há opções mais jovens, modernas e eficientes no mercado, como as topo de linha dos rivais: Ford Focus 2.0 Powershift (R$ 87.900), Chevrolet Cruze LTZ 1.8 (R$ 89.750) e Volkswagen Golf Highline 1.4 TSI (R$ 89.900). Se quiser emplacar no segmento, a Fiat precisará mais do que comerciais com atores globais.Leia mais notícias de Carros