'Cinco colegas meus morreram', diz segurança que trabalhava na Kiss
Vítima da tragédia, Doralina Peres foi a terceira pessoa a depor no Tribunal do Júri do caso da boate neste domingo (5)
Cidades|Fabíola Perez, do R7, em Porto Alegre (RS)

A segurança Doralina Peres foi a terceira pessoa a depor no Tribunal do Júri do caso da boate Kiss neste domingo (5). Ela, que trabalhava como funcionária de uma empresa de segurança que prestava serviço à boate, foi levada ao julgamento como vítima apresentada pela defesa de Elissandro Spohr. Sem dar detalhes sobre a noite em que ocorreu o incêndio, Doralina lembra que perdeu cinco colegas de trabalho, duas mulheres e três homens.
“Não lembro de muita coisa, só me lembro de muitos gritos, queria voltar para o fundo achando que era briga, começaram a me empurrar e eu desmaiei”, afirma ela. Doralina trabalhou na casa noturna por dois anos e oito meses. Na noite do incêndio, a ex-segurança diz que o estabelecimento estava “cheio”.
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“Não cheguei a ver o que estava acontecendo no palco. Desmaiei e um colega meu me tirou de lá, me colocaram no estacionamento do Carrefour”, recorda. “Na ambulância eu desmaiei pela segunda vez e não acordei mais.”
Doralina diz que ficou quase 30 dias internada no hospital. “Tive problemas pulmonares e precisei fazer enxertos na perna”, afirmou ao juiz. A vítima trabalhava fazendo a revista dos frequentadores e declarou que recebia as orientações de um chefe, e não diretamente de Elissandro Spohr.
“Nem a empresa nem a boate deram um curso. Não sabia manusear extintores. Recebi orientações dos colegas que tinham experiência com curso.”
Durante o depoimento, a vítima disse que, inicialmente, não gostaria dar seu testemunho por receio de sofrer represálias, mas depois aceitou fazê-lo. Ela afirmou que havia luz de emergência na entrada e no banheiro. Entretanto, disse que não sabia a quantidade de extintores no local.
“Eu ficava na frente [da boate], só passava para dentro mais tarde, entre 1h30 e 2h, quando acalmava o movimento da entrada.” Em relação ao uso de artefatos pirotécnicos, ela afirmou que eram utilizados somente no que chamou de “ocasiões especiais.”
Doralina disse ter visto os réus Marcelo de Jesus dos Santos e Luciano Bonilha quando chegavam à casa. Disse também que já havia ouvido falar em Mauro Hoffmann, mas que “não teve contato” com ele. Em relação a Elissandro Spohr, a ex-segurança afirmou que ele era o sócio que passava as informações a seu chefe.
“Sempre foi muito educado. Ele pedia que as pessoas mantivessem a paz, a calma até onde desse”, afirmou.
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