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Água tratada perdida antes de chegar às casas poderia abastecer 54 milhões de brasileiros

Estudo do Instituto Trata Brasil mostra que volume perdido corresponde a mais de 7 mil piscinas olímpicas

Cidades|Do R7

Volume de água tratada perdida no país ainda é alto Tânia Rêgo/Agência Brasil

O ITB (Instituto Trata Brasil) mostrou que o Brasil poderia abastecer 54 milhões de brasileiros com a quantidade de água tratada perdida em 2022, que foi estimada em cerca de 7,0 bilhões de metros cúbicos. Segundo o estudo, o volume total equivale a quase 7.639 piscinas olímpicas ou sete vezes o volume do Sistema Cantareira, maior conjunto de reservatórios do estado de São Paulo. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (5).

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“Além disso, com esse mesmo volume, seria possível abastecer os 17,9 milhões de brasileiros que vivem em favelas por mais de três anos. Ao meio ambiente, a redução dessas perdas implicaria a disponibilidade de mais recurso hídrico para a população sem a necessidade de captação em novos mananciais”, destaca o instituto.

A entidade destacou que “a situação torna-se ainda mais preocupante quando analisado o elevado índice de perdas na distribuição, em que 37,78% da água é perdida antes de chegar às residências brasileiras”.

A organização define como “água perdida” o volume que se perde no processo de abastecimento, em vazamentos, erros de medição e consumo não autorizado. Segundo uma portaria do Ministério do Desenvolvimento Regional, o índice de perdas deve ser de, no máximo, 25%.


O lento progresso indica uma grande dificuldade de atingirmos as metas pelo Novo Marco Legal do Saneamento Básico, de fornecer água potável a 99% da população até 2033.

(Estudo Perda de Águas de 2024)

O índice de água perdida medido pelo ITB foi o menor desde 2018, porém, permanece “significativamente superior à meta de 25%” estabelecida pelo governo, diz o ITB.

Veja as médias nacionais de 2018 a 2022


  • 2018 - 38,45%
  • 2019 - 39,24%
  • 2020 - 40,14%
  • 2021 - 40,25%
  • 2022 - 37,78%

Regiões

O estudo conclui que as regiões Norte e Nordeste são as mais carentes e devem enfrentar os maiores desafios para reduzir seus índices de perdas. Além disso, os estados destes locais são os que possuem os piores indicadores de atendimento de água, de coleta e de tratamento de esgotos.

Veja dados de perdas na distribuição de água por regiões (ano base: 2022)


  • Brasil - 37,78%
  • Centro-Oeste - 35,08%
  • Norte - 46,94%
  • Nordeste - 46,67%
  • Sul - 36,65%
  • Sudeste - 33,90%

“Ao longo do período analisado, é notável que não houve nenhuma evolução significativa nos indicadores de perdas sob a perspectiva macrorregional. Pelo contrário, a tendência é de estagnação, com poucas exceções”, concluiu o estudo.

Os estados com os menores índices de perda na distribuição são Goiás, Rio de Janeiro, Mato Grosso e o Distrito Federal. Na outra ponta, com os maiores desperdícios, estão o Amapá, Acre, Rondônia e Roraima.

Veja os ranking dos menores e maiores índices de perdas no país (ano base: 2022)

Menores

  • Goiás - 28,34%
  • Rio de Janeiro - 28,34%
  • Mato Grosso - 33,21%
  • Distrito Federal - 33,81%

Maiores

  • Amapá - 71,14%
  • Acre - 66,61%
  • Rondônia - 59,81%
  • Roraima - 59,36%

No índice de perdas na distribuição, apenas duas das 27 capitais apresentaram valores inferiores à meta de 25%, Goiânia (GO), com 17,27%, e Campo Grande (MS), com 19,8%. O indicador médio do grupo foi de 43,17%.

Ganhos econômicos com a redução de perdas

Para calcular os ganhos econômicos ao país pela redução de perdas, o estudo se baseou em três cenários: otimista, realista e pessimista. Cada um deles responde à média nacional do nível de perdas a ser alcançada em 2034: 15% (cenário otimista), 25% (cenário realista) e 35% (cenário pessimista).

No cenário realista, o instituto constatou que existe um potencial de ganhos brutos com a redução de perdas de água de R$ 40,9 bilhões até 2034. Caso sejam considerados os investimentos necessários para a redução de perdas, o benefício líquido gerado pela redução de perdas é da ordem de R$ 20,4 bilhões em 11 anos.

Na análise otimista, os ganhos brutos foram calculados em quase R$ 72,9 milhões e os líquidos, em R$ 36,4 milhões. No cenário pessimista, o ganho bruto seria de cerca de R$ 8,9 milhões e o líquido, de R$ 4,4 milhões.

Reduzir as perdas significaria aumentar a disponibilidade de recursos hídricos no sistema de distribuição sem a necessidade de aumentar o volume de água captado e de explorar novos mananciais, o que resulta em menores custos e evita prejudicar o meio ambiente

(Estudo Perda de Águas de 2024)

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