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Rota Caipira: principal corredor do narcotráfico do país inclui MS

A história cinematográfica do falso sequestro que levou a Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) a investigar integrantes de uma facção criminosa, ligada diretamente ao narcotráfico entre Brasil, Paraguai e Bolívia, ganhou um novo capítulo com a prisão do vigia Idevan Silva Oliveira, de 53 anos. Ele se entregou na tarde desta quarta-feira, […] O post Rota Caipira: principal corredor do narcotráfico do país inclui MS apareceu primeiro em Diário Digital.

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A história cinematográfica do falso sequestro que levou a Deco (Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado) a investigar integrantes de uma facção criminosa, ligada diretamente ao narcotráfico entre Brasil, Paraguai e Bolívia, ganhou um novo capítulo com a prisão do vigia Idevan Silva Oliveira, de 53 anos. Ele se entregou na tarde desta quarta-feira, 29 de julho, depois de mais de 10 dias do mandado de prisão preventiva contra ele ser expedido pela justiça.

De “vítima”, o vigia passou a mais um acusado de envolvimento no falso sequestro de uma aeronave que seria utilizada pelo PCC (Primeiro Comando da Capital) para o tráfico de drogas. O caso ocorreu no dia 18 de junho do ano passado, em Paranaíba (MS). Na época, o piloto Edmur Guimara Bernardes, 78 anos, disse ter sido rendido por homens armados e obrigado a decolar com destino ao Paraguai e Bolívia, onde permaneceu em cárcere.

Edmur também foi preso preventivamente no dia 17 de julho deste ano, na Operação Ícaro, na fase Rota Caipira, que investiga a trama. Além dele, um mês antes, em São Paulo, a polícia havia capturado “Zóio”, uma das lideranças da facção criminosa. Adevailson Ribeiro, nome oficial do preso, atuava na região de Birigui (SP). Ele foi identificado como um dos integrantes que decolou a bordo da aeronave na companhia de Edmur.

Roteirista - Zóio está custodiado em Mato Grosso do Sul, onde foi interrogado pela equipe da Deco e confirmou a participação do piloto e do vigia que se declaravam vítimas. Ele indicou que foi o próprio Edmur o mentor de toda a encenação em frente as câmeras de monitoramento do aeroporto de Paranaíba.

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Foram dias de um planejamento minucioso que deu errado, após investigação da polícia. O piloto era quem coordenava os detalhes com os demais integrantes da quadrilha sobre o falso enredo que justificasse o uso da aeronave de seu patrão para atravessar as fronteiras do país, transportando integrantes de facção criminosa. Se o plano seguisse como ele havia arquitetado, Edmur voltaria para o Brasil como “herói” que escapou de criminosos.

A delegada responsável pelas investigações, disse que Zóio detalhou como funcionava o esquema milionário, durante interrogatório. “Cada um tinha a sua função, alguns integrantes não estiveram no cenário capturado nas câmeras de segurança, mas faziam os transportes. Eles ficaram praticamente uma semana em um balneário que foi locado por uma pessoa para que ficassem escondidos”, relatou Ana Cláudia Medina, titular da Deco.

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Para a polícia, o preso afirmou que “foi contratado para receber treinamento na Bolívia para ser um piloto narco - especialista em tráfico aéreo de drogas”.

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Enredo – Foram as divergências nos depoimentos das “vítimas” que mudaram o rumo das investigações. A equipe, acompanhada de perito criminal, foi até Paranaíba, no dia 24 de junho de 2019, e fez a reprodução simulada dos fatos com o piloto Edmur. Ele contou à polícia ter sido sequestrado e rendido quando estava saindo de casa. Disse ter sido obrigado a dirigir a sua caminhonete até o aeroporto, onde sob ameaça abriu o hangar ao qual tinha livre acesso, já que era o piloto e fazia alguns voos nas aeronaves do proprietário.

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Edmur alegou ainda que decolou na companhia de dois sequestradores e seguiu até o Paraguai. De lá, para Bolívia, com o argumento de que teria resgatado uma liderança criminosa na fazenda paraguaia para deixá-la em área rural, na Bolívia. A cada detalhe, a narrativa ficava mais fantasiosa. Segundo o piloto, na Bolívia, após um descuido dos seus sequestradores, ele conseguiu decolar a aeronave e fugir, voltando ao Brasil. Depois de mais de 30 horas que ficou desaparecido, Edmur apareceu no aeroporto de Cáceres (MT).

Na versão de Idevan, que era encarregado da recepção do aeroporto municipal, durante a reprodução simulada dos fatos, ele contou que foi rendido e mantido trancado e amarrado. Na sala, ele conseguiu se desvencilhar de um fio de mouse que o prendia, localizar uma chave extra da porta e, finalmente, avisar ao proprietário do hangar e da aeronave sobre o que havia acontecido e ele então, acionou a Polícia Civil.

Reviravolta - Diante das versões divergentes e demais diligências que incluíam análise de imagens do circuito interno do hangar, logo no início das investigações, a delegada Ana Cláudia Medina representou por mandados de busca e apreensão em residências, fazendas e no aeroporto de Paranaíba. Também foram solicitadas as prisões temporárias de Edmur e de Idevan que acabaram prorrogadas até julho de 2019, quando os dois foram soltos.

O piloto já tem outras passagens pela polícia. Foi suspeito de envolvimento em casos de tráfico de drogas, além de contrabando e descaminho de mercadorias.

“Nós tivemos todo o trabalho de rota, área controlada, navegação aérea, analise de dados extraídos de telefones, documentos de apreensões, câmeras, horários e tivemos indícios de que a intenção do piloto era poder justificar seu retorno sem prejudicar o proprietário da aeronave restituindo o seu bem, mas que ele havia montado o enredo para que voltasse como herói”, explica Medina.

O inquérito sobre o falso sequestro foi concluído e encaminhado ao Ministério Público. A denúncia acatada pela justiça e os três acusados vão permanecer presos preventivamente.

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Rota do tráfico – Mato Grosso do Sul está na rota internacional do tráfico de entorpecentes. Integrantes de facção criminosa, predominante nos presídios do Brasil, são especializados em tráfico aéreo de drogas e atuam tanto na Bolívia quanto no Paraguai. No caso da fase Rota Caipira, a delegada confirma a participação de mais pessoas, além dos três indiciados. “Agora, trabalhamos apenas com a qualificação dos demais integrantes dessa facção criminosa que acabaram atravessando as nossas fronteiras através da falsa comunicação de crime para chegar até laboratórios clandestinos no Paraguai e Bolívia”.

Deflagrada pela Deco no final de outubro de 2015, a Operação Ícaro investiga desde então, crimes que afrontam a segurança de voos em Mato Grosso do Sul, com o objetivo de reduzir o número de acidentes na região e recuperar produtos de furto adquiridos por meio de receptação, como peças de aeronaves.

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