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Enchentes no Rio Grande do Sul causam mais mortes do que todas as chuvas de 2023 no Brasil

162 pessoas morreram nas inundações das cidades gaúchos neste ano contra 132 em eventos semelhantes no país no ano passado

Cidades|Jéssica Gotlib e Victoria Lacerda, do R7, em Brasília

Enchentes afetaram 467 municípios gaúchos (Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

O número de mortos pelas enchentes no Rio Grande do Sul é 22,7% maior que os óbitos do mesmo tipo registrados em todo o Brasil ao longo de 2023. Segundo a Defesa Civil estadual, 162 pessoas morreram até esta quarta-feira (22) nos 467 municípios afetados. Enquanto isso, dados do Sistema Integrado de Informações sobre desastres (S2ID) apontam que 132 óbitos estiveram associados a eventos relacionados às chuvas em todo o país no ano passado.

Os dados foram divulgados pelo Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) durante a reunião de avaliação e previsão de impactos de eventos extremos, realizada em janeiro de 2024.

A diferença no número de óbitos pode ser ainda maior, já que o RS ainda conta com 75 desaparecidos. A dimensão da tragédia também é percebida pela comparação entre o número de desalojados: 581,6 mil no Rio Grande do Sul, de abril até agora, contra 524,8 mil em todo o país nos 12 meses de 2023. São mais de 2,3 milhões de pessoas afetadas em um estado cuja população é de 10,8 milhões, o que indica que mais de 20% dos gaúchos foram diretamente atingidos pelas chuvas. Há ainda 68 mil pessoas em abrigos.

Previsão de mais chuvas e frio

O Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) prevê que chuvas retornem com força ao Rio Grande do Sul até esta sexta-feira (24). Desta vez, o volume pode superar os 100mm em algumas áreas, mais que o esperado para o período. Alguns locais do estado também devem enfrentar problemas com rajadas de vento acima de 80 km/h e queda de granizo, tudo isso causado pelo deslocamento de uma frente fria na região.

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As novas precipitações podem afetar o nível do Guaíba, cujo volume ficou abaixo de 4 metros pela primeira vez nesta quarta desde o dia 3 de maio, um período de quase 20 dias. Vale lembrar que o Guaíba atingiu dois picos de cheia neste ano: 5,31 metros em 5 de maio e 5,23 metros no último dia 14. Antes disso, o recorde histórico era da enchente de 1941: 4,76 metros. A chamada “cota de inundação”, margem máxima considerada segura pelas autoridades, é de 3 metros.

Eventos climáticos extremos

O Brasil registrou o maior número de desastres naturais em 2023, de acordo com dados do Cemaden. No total, foram contabilizados 1.161 eventos de desastres, dos quais 716 estavam associados a eventos hidrológicos, como transbordamento de rios, e 445 a eventos geológicos, como deslizamentos de terra. Em média, houve pelo menos três desastres por dia, superando os registros de 2022 e 2020.

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Economicamente, o país gastou R$ 25 bilhões, incluindo áreas públicas e privadas, além de mais de R$ 5 bilhões em obras de infraestrutura, instalações públicas e unidades habitacionais.

Em termos de alertas, o Cemaden emitiu um total de 3.425 alertas para os municípios monitorados ao longo do ano, sendo 1.813 hidrológicos e 1.612 geohidrológicos. Este foi o terceiro maior número de alertas emitidos desde a criação do Centro, em 2011. Petrópolis (RJ) liderou o ranking de municípios, com 61 alertas, seguido por São Paulo, com 56, e Manaus, com 49.

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Governo investe R$ 9,5 bi, mas perdas chegam a R$ 639 bi

Os desastres naturais que aconteceram no Brasil entre 2013 e 2023 causaram prejuízos de R$ 639,4 bilhões às cidades brasileiras, segundo o presidente da CNM (Confederação Nacional dos Municípios), Paulo Ziulkoski. No entanto, nesse período o governo federal direcionou R$ 9,5 bilhões para a preveni-los, o equivalente a 1,49%, de acordo com dados da CNM em colaboração com a organização não governamental Contas Abertas.

Em nota, o governo afirmou que “as iniciativas cruciais para prevenir desastres e preservar vidas foram descontinuadas entre 2019 e 2022″ e, no atual governo, “a prevenção a desastres naturais voltou a ser prioridade”. “Para tanto, foi criado o PAC Prevenção a Desastres, com investimentos previstos de R$ 11,7 bilhões.”

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