'Estava em desespero, querendo voltar', diz sobrinho de sócio da Kiss
Segunda pessoa a depor nesta segunda-feira (6), Willian Renato Machado, 27 anos, é testemunha de defesa do réu Elissandro Spohr
Cidades|Fabíola Perez, do R7, em Porto Alegre (RS)

A segunda pessoa a depor ao Tribunal do Júri do caso da boate Kiss, nesta segunda-feira (6), Willian Renato Machado, 27 anos, é sobrinho do réu Elissandro Spohr. Antes dele, foi ouvido pelo juiz Orlando Faccini Neto o ex-funcionário da casa noturna Stenio Rodrigues Fernandes, também testemunha de defesa de Spohr.
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Machado afirmou que, na noite da tragédia, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, ele foi um dos primeiros a conseguir sair da boate e viu o tio, conhecido como Kiko, deixar o estabelecimento com uma pessoa nos braços. “Ele estava em desespero, querendo voltar para a boate”, disse.
O sobrinho de Spohr disse que, na noite de 27 de janeiro de 2013, data da tragédia, percebeu Marcelo de Jesus do Santos abaixado, e que ele, ao se levantar, teria um artefato pirotécnico na mão. “Não me lembro se estava aceso ou não”, disse. “No momento em que eu me retirei da boate, minha preocupação era achar a Natália [mulher de Spohr], porque ela estava grávida. Quando eu a localizei, minha preocupação era achar o Kiko. Achei o Ricardo, e, no que eu me direcionei para achar o Kiko, ele vinha com uma pessoa no colo. Ele queria voltar para a frente da boate. Ele estava em desespero, querendo voltar para a boate”, afirmou.
“Elissandro estava comigo o tempo todo. Um relato que me marca muito é que o Kiko queria entrar, e pediu aos bombeiros uma máscara de oxigênio para entrar. E os bombeiros disseram: ‘Isso é coisa de filme’”, disse.
No depoimento, o sobrinho de Spohr afirmou que trabalhava no período da tarde na boate Kiss. Segundo ele, sua função era auxiliar na divulgação das festas que ocorreriam no período da noite. “Tínhamos um foco grande no Facebook e no MSN."
Na madrugada em que aconteceu a tragédia, Machado chegou à casa noturna à 00h30. "Peguei minha comanda e fiquei na área VIP." Ele afirmou ao júri que o vocalista da banda começou a pular quando o fogo atingiu o teto. “Deu pra ver uma fagulha no teto.”
Machado disse que, quando percebia a iminência de uma confusão, ele se aproximava para tentar ajudar. “Fui até uma porta da saída e, no que eu me direcionei, não cheguei a sair, no que me direcionei para fora do VIP, presenciei o Ricardo e o Kiko gritando “sai, sai, que é fogo.” O sobrinho de Spohr disse que não chegou a ouvir eventuais anúncios da banda direcionando pessoas para a saída. “Fui um dos primeiros a sair, esbarrei em um táxi, porque, em questão de segundos, ficamos num empurra-empurra. Até que o táxi se desvencilhou da frente da boate.”
Ele relata que ficou dois dias internado. Machado disse que não tinha contato com Marcos Hoffmann, o sócio de Spohr na boate. “Sempre soube que o responsável era o Kiko”, diz. Questionado pelo advogado de defesa de Kiko se teria conversado sobre a tragédia nos dias posteriores ao incêndio, afirmou: “A gente nunca procurou sofrer, a gente sempre se resguardou muito em relação a isso [incêndio]”. Machado disse a Jader Marques que esse era “um assunto delicado”. E acrescentou: “Sempre quisemos um contato com as pessoas, sempre pensamos em ter contato, mas ficamos receosos. Tudo o que a gente queria era ficar amigo delas de novo. Eu conto nos dedos os amigos que ficaram ao meu lado”.
O sexto dia do julgamento dos réus acusados de ser responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, é retomado nesta segunda-feira (6) com o depoimento de dois sobreviventes e uma testemunha no período da manhã e à...
O sexto dia do julgamento dos réus acusados de ser responsáveis pelo incêndio na boate Kiss, que deixou 242 mortos e mais de 600 feridos, é retomado nesta segunda-feira (6) com o depoimento de dois sobreviventes e uma testemunha no período da manhã e à tarde