FAB começa transporte de vítimas da queda de avião em Vinhedo (SP) nesta terça-feira
Caixões vão ser levados para Cascavel (PR); decolagem da base de São Paulo está prevista para às 15h
Cidades|Do R7, em Brasília
A FAB (Força Aérea Brasileira) começa nesta terça-feira (13) o transporte das vítimas da queda do avião em Vinhedo (SP). Segundo os militares, a decolagem da base aérea de São Paulo está prevista para às 15h, e os caixões serão levados para o aeroporto de Cascavel (PR), cidade da maioria das vítimas. A prefeitura de Cascavel disponibilizou um centro de eventos para os velórios. Os parentes de cada vítima vão escolher se querem fazer cerimônias particulares ou se utilizarão esse espaço público. Ao todo, 62 pessoas morreram no acidente aéreo da última sexta-feira (9). As causas do desastre são investigadas.
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Em nota, a Secretaria de Assistência Social de Cascavel informou que está em contato com as famílias das vítimas. De acordo com a pasta, das 27 vítimas da região, 18 informaram que não farão velório no centro de eventos. Outras 11 indicaram que pretendem realizar velório privado, enquanto dois serão velados em Guaíra e outros dois em Toledo. As demais cerimônias fúnebres ocorrerão nas cidades de Três Barras do Paraná, Fernandópolis e São Paulo. A secretaria informa ainda que os familiares de seis vítimas ainda não decidiram o local do velório, e ainda restam três famílias a serem contatadas.
O translado será feito com a aeronave KC-390 Millennium, que já foi utilizada em operações no Rio Grande do Sul, Haiti, entre outras. Fabricado pela Embraer, o avião comporta uma carga máxima de 26 toneladas e atinge a velocidade máxima de 988 km/h.
Segundo o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o relatório preliminar sobre as possíveis causas da queda do avião deve ser concluído em 30 dias. As informações das caixas-pretas vão auxiliar nas investigações para entender os últimos momentos do voo e identificar possíveis falhas técnicas ou humanas.
A Secretaria Nacional do Consumidor notificará a companhia aérea Voepass para ampliar os canais de comunicação com os familiares das vítimas. O Ministério Público do Trabalho abriu uma investigação para apurar se pilotos e comissários trabalhavam sob carga excessiva, sem respeito às escalas de folga e intervalos.
O acidente
O percurso foi seguido pelo avião normalmente até por volta das 13h. A aeronave decolou de Cascavel (PR) às 11h50 e deveria pousar em Guarulhos (SP) às 13h45. Segundo informações da Força Aérea Brasileira, a partir das 13h21, a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, nem declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. A perda de contato com o radar ocorreu às 13h22.
A aeronave caiu no jardim de uma casa em um condomínio fechado. Às 13h28, foi reportada a queda no bairro Capela, em Vinhedo, a 464,4 km de São Paulo. A Defesa Civil informou que a aeronave explodiu ao cair no chão. Desde o primeiro momento, as autoridades informaram que ninguém a bordo sobreviveu. Apesar de a aeronave ter explodido no quintal de uma casa, nenhuma pessoa foi atingida em solo. Vídeos registraram o momento da queda do avião.
Especialistas acreditam que o mau tempo pode ter contribuído para o acúmulo de gelo nas asas. Pilotos que sobrevoaram São Paulo na sexta-feira (9) confirmaram uma condição atmosférica fora do normal. O ATR-72 é um avião de médio porte com boa reputação de segurança. Por características de projeto, voa a uma altitude inferior à operada pelos grandes jatos, justamente onde ocorre uma maior formação de gelo na atmosfera.
Em coletiva de imprensa na noite de sexta-feira, responsáveis pela Voepass informaram que o ATR-72 passou por manutenção na noite anterior ao acidente. Segundo a empresa, tudo estava no padrão técnico observado pela companhia. Ainda conforme os representantes da Voepass, o avião estava em rota normal até a queda. Os empresários lembraram que ainda precisam ser analisadas informações para as causas serem compreendidas.
Problemas no avião
A mesma aeronave passou por problemas durante um voo realizado em março deste ano, no Aeroporto de Salvador, na Bahia. É o que aponta um relatório do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos).
“Durante a fase de cruzeiro, a aeronave apresentou mensagem de baixo nível de óleo hidráulico. Os procedimentos previstos em manual foram realizados e o voo prosseguiu para o aeródromo de destino. Durante o pouso, ocorreu um contato anormal da aeronave com a pista. Após o táxi, a aeronave foi entregue à equipe de manutenção”, diz o relatório.
O problema ocorreu em 11 de março, às 21h04, quando a aeronave fazia o percurso de Recife até Salvador. O tipo de operação era regular e o avião sofreu danos leves. O documento não informa o ano de fabricação da aeronave, apenas atesta que o modelo estava liberado no tocante à investigação.
No relatório, o Cenipa afirma que as investigações não buscam o estabelecimento de culpa ou responsabilização, tampouco se dispõem a comprovar qualquer causa provável de um acidente, “mas indicam possíveis fatores contribuintes que permitem elucidar eventuais questões técnicas relacionadas à ocorrência aeronáutica”.