O nome civil e a filiação podem ser revistos para proteger a identidade dos descendentes quanto para reconstruir trajetórias individuais desvinculadas de crimes antigos. Foi o que aconteceu em fevereiro com o filho de Cristian Cravinhos, condenado pelo assassinato dos pais de Suzane von Richthofen em 2002.Ele buscou na Justiça o direito de romper oficialmente com o passado. A Terceira Turma do STJ (Superior Tribunal de Justiça) manteve, por unanimidade, a decisão da Justiça do Paraná que anulou a paternidade de Cravinhos, a pedido do jovem. Ele também quer retirar qualquer menção ao pai nos documentos pessoais.A ministra Nancy Andrighi, relatora do caso, destacou o bullying sofrido pelo jovem e lembrou que ele trocou de escola diversas vezes desde o crime. Para o STJ, a ausência de vínculo afetivo e o abandono justificam o rompimento formal do laço parental.A exclusão do nome do pai da certidão de nascimento pode ser determinada judicialmente quando há provas de abandono, falta de apoio emocional ou prejuízos à dignidade do filho. Já a mudança de nome é permitida no cartório a partir dos 18 anos, com base na nova Lei de Registros Públicos, sem necessidade de justificativa.O jornalista Ulisses Campbell, titular da coluna True Crime, lembrou de outros nomes envolvidos em crimes de grande repercussão e que também recorreram à mudança de sobrenome. O próprio Daniel Cravinhos, irmão de Cristian e também condenado pelo mesmo assassinato, alterou os documentos duas vezes — adotando primeiro o sobrenome da ex-esposa e, depois, da atual companheira.Suzane von Richthofen trocou oficialmente de nome após iniciar uma união estável com o médico Felipe Zecchini Muniz, com quem teve um filho. No novo registro, passou a se chamar Suzane Louise Magnani Muniz, unindo o sobrenome da avó materna ao do companheiro.No caso de Elize Matsunaga, condenada pela morte de Marcos Matsunaga, os avós paternos da filha dela obtiveram a guarda da menina. Mãe e filha não têm qualquer contato desde 2012. A garota, à época do crime, tinha 1 ano e 7 meses.Hoje, ela tem 13 anos. Os avós paternos entraram na Justiça com um processo de destituição de poder familiar. Isso significa que o nome de Elize pode desaparecer da certidão de nascimento da filha. Assim, ela pode nunca mais ter contato com a menina. Já Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte da enteada Isabella Nardoni, voltou a usar o sobrenome de solteira após deixar a prisão. Os filhos do casal também retiraram o sobrenome do pai, Alexandre Nardoni. A mãe ingressou com pedido de cidadania italiana para eles.Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp