Jornalista da Record TV é agredido no interior de São Paulo
Marcos Guedes apurava uma reportagem sobre notícias falsas nas eleições da cidade quando foi cercado e atacado por candidato a vereador
Cidades|Do R7
O jornalista Marcos Guedes, da Record TV, foi espancado no início da tarde desta sexta-feira (13), na cidade de Valinhos, interior de São Paulo, enquanto apurava uma reportagem sobre uma notícias falsas nas eleições do município.
Guedes estava no bairro Vale Verde, quando ele e o motorista que o acompanhava, foram cercados por um grupo de ao menos oito homens e impedidos de deixar o lugar.
Ao se identificar como repórter, o jornalista foi impedido de voltar para o carro da reportagem pelo policial militar Welton Rodrigo Manchila do Amaral, o Cabo Amaral, candidato a vereador em Valinhos pelo PSD.
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Enquanto era hostilizado e intimidado pelo policial, que estava sem farda, Guedes percebeu quando mais um homem que, sem dizer nenhuma palavra, passou a espanca-lo com chutes e socos.
Ao perceber que o repórter somente tentava se defender das agressões, Cabo Amaral também passou a empurrá-lo e impedir que escapasse das agressões.
O principal agressor do jornalista, segundo as investigações da Polícia Civil, foi identificado como Marcio Xavier Filho, membro da campanha política da também policial militar Capitã Lucimara (PSD), candidata à Prefeitura de Valinhos.
O delegado João Neves Netto, de Valinhos, afirma que vai abrir um inquérito policial pelos crimes de lesão corporal e ameaça contra o jornalista da Record TV.
Após as agressões, alguns dos homens que acompanhavam Cabo Amaral e Xavier no ataque passaram a ameaçar o jornalista que, caso ele denunciasse a violência sofrida às autoridades, ele e sua família sofreriam as consequências.
Levado para o hospital de Valinhos pela Polícia Civil, Guedes precisou receber vários pontos cortes na cabeça. As pancadas também causaram lesões na região dos olhos e da boca.
A assessoria de imprensa da Capitã Lucimara informou, no início da noite, que Marcio Xavier Filho foi afastado da campanha da candidata.
Repúdio
Em nota, a Abratel (Associação Brasileira de Rádio e Televisão) disse que repudia a violência sofrida pela equipe de reportagem da Record TV durante a cobertura das eleições. "A Abratel defende a liberdade de imprensa como base fundamental para manutenção e fortalecimento da democracia", destacou a associação.
A entidade diz ainda acreditar que "preservar o trabalho da imprensa e resguardar a segurança dos profissionais de jornalismo são imprescindíveis para uma sociedade mais justa e equilibrada".
"Solicitamos que as agressões sejam devidamente apuradas e que os envolvidos sejam exemplarmente punidos, para que situações absurdas como essa não se repitam e profissionais e emissoras possam continuar a sua essencial missão de levar informação de qualidade à sociedade, defendendo sempre a democracia e combatendo as notícias falsas", completa o texto.
O presidente da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), Marcelo Träsel, também se manifestou em repudio à agressão. “Impedir que um repórter exerça seu ofício livremente sinaliza o desprezo pela democracia. Apurar informações e revelá-las para a sociedade é o dever da imprensa, sobretudo durante uma campanha eleitoral”, destacou.
Abraji afirma que se solidariza com Marcos Guedes e pede que as autoridades “investiguem a ocorrência com celeridade”. “Casos de agressões a profissionais da comunicação em contexto político, partidário e eleitoral estão sendo monitoradas pela associação. Os jornalistas precisam de segurança para trabalhar”, afirma Träsel.
A associação de jornalismo investigativo ressalta ainda que o ataque a Guedes soma a outros episódios de violência física e verbal contra jornalistas desde o início da pandemia do novo coronavírus. “Registramos 275 alertas de ataques contra profissionais de imprensa e veículos em 2020, incluindo assédio virtual e outras hostilidades”, lamenta ele.