Mãe de vítima da boate Kiss pede nova mentalidade a empresários
Presente ao julgamento do caso em Porto Alegre, Ligiane Silva diz que setor de casas noturnas e legislação têm de mudar
Cidades|Fabíola Perez, do R7, em Porto Alegre (RS)
Mãe de uma das vítimas da tragédia da boate Kiss, Ligiane Righi da Silva diz esperar que o julgamento dos réus do caso, iniciado quarta-feira (1º) em Porto Alegre, mude a legislação que regulamenta o funcionamento das casas noturnas e a mentalidade dos empresários do setor.
"Espero que os empresários da noite mudem. Os jovens querem sair, e pouca coisa mudou de lá para cá. Que eles possam sair de casa e que os pais tenham esperança de que eles retornem", disse. "Eu esperava que minha filha voltasse. Isso vai acontecer com mais quantos pais?”, questiona a mãe de Andrielle da Silva, que morreu, aos 22 anos, na tragédia.
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Ligiane, assim como outros parentes presentes ao julgamento, quer a condenação dos réus por entender que os cuidados necessários para evitar uma tragédia como a ocorrida na boate Kiss não foram tomados. Ela cita o teto de espuma, que pegou fogo, e a falta de saídas de incêndio em grande número — para ela, casas noturnas devem ter pelos menos três ou quatro saídas bem sinalizadas.
Ligiane pede a condenação dos réus do caso. “Espero que cada um deles seja responsabilizado. Cada um teve a sua responsabilidade. Acredito que mais pessoas deveriam estar aqui, mas nos restaram esses quatros réus.”
A mãe de Andrielle chegou ao fórum em Porto Alegre às 13h de quarta, dia para o qual estava marcado o início do depoimento das testemunhas. Ela deverá comparecer ao local pelos próximos 15 dias, período de duração previsto do julgamento.
Quatro réus estão sendo julgados pela morte de 242 pessoas e pela tentativa de homicídio de outras 636 que ficaram feridas no incêndio ocorrido em Santa Maria (RS). Dois deles são ex-sócios da boate, e os outros dois, músicos da banda Gurizada Fandangueira, que se apresentava no local e pôs fogo no teto.
“Para mim, justiça é que o que aconteceu não aconteça nunca mais", afirma Ligiane Silva.