MPF cobra medidas de repressão a garimpo ilegal no rio Madeira
Órgão pede atuação coordenada para desarticular as atividades ilegais sem licença ambiental e já proibidas por sentença judicial
Cidades|Do R7
O Ministério Público Federal (MPF) recomenda a adoção emergencial de ação coordenada de repressão e desarticulação ao garimpo ilegal de ouro na calha do rio Madeira e afluentes, no município de Autazes, distante 113 km de Manaus, em atuação integrada de órgãos e autarquias federais e estaduais competentes, no prazo de 30 dias.
No documento, são cobrados a tomar providências o Exército, por meio do Comando Militar da Amazônia (CMA); a Superintendência da Polícia Federal no Amazonas; a Agência Fluvial de Itacoatiara, unidade da Marinha encarregada do rio Madeira, subordinada à Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC); o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam); a presidência do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama); e a Superintendência da Agência Nacional da Mineração (ANM) no Amazonas.
Como revelou o Estadão, a Polícia Federal articula ações para conter o avanço de centenas de balsas de garimpo ilegal, que seguem enfileiradas no rio Madeira. Outros órgãos federais devem participar da operação, como o Ibama e o Ministério da Defesa.
Integrantes do alto escalão do Ministério da Justiça confirmaram que a polícia organiza uma forte operação nesse caso. Questionada pelo Estadão, a superintendência da PF no Amazonas confirmou que está ciente do fato e que já está tomando medidas a respeito.
De acordo com o MPF, os órgãos devem, cada um dentro de sua esfera de atribuições, realizar a identificação e autuação administrativa de todos os empreendimentos irregulares em operação ou com sinais de operação em passado recente na calha do rio Madeira ou afluentes, além de adotar medidas para a imediata interrupção das atividades ilícitas, inclusive mediante destruição dos instrumentos do crime, caso necessário.
"O MPF acompanha a situação por meio de procedimento extrajudicial, instaurado para apurar a ocorrência de suposta invasão em massa de garimpeiros na região, ocorrida no dia 22 de novembro de 2021, após notícias repercutidas na imprensa regional e nacional, que registrou a chegada de várias dragas e balsas pelo rio Madeira, na região de Autazes, por meio de imagens e vídeos amplamente divulgados", declarou o MPF.
O documento do MPF destaca ainda que cabe a uma série de órgãos, entre os quais a Polícia Federal, o Comando Militar da Amazônia, a Agência Nacional de Mineração e a Marinha, prestar apoio logístico e operacional aos órgãos ambientais, a fim de viabilizar a eficiente repressão aos ilícitos.
"A atuação coordenada entre todos esses atores propiciaria uma resposta rápida e eficiente à atividade ilegal em curso no município de Autazes/AM, com papel de destaque e de coordenação a ser exercido pelos órgãos ambientais, detentores de especial expertise no enfrentamento a ilícitos ambientais na Amazônia", afirma o MPF na recomendação.
Em agosto deste ano, a Justiça Federal condenou o Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (Ipaam) a anular as licenças concedidas irregularmente para as atividades de extração de ouro no leito do rio Madeira, em área de mais de 37 mil hectares, na região sul do Amazonas.
A sentença, que permanece válida, reafirmou uma decisão liminar de dezembro de 2017 nesse mesmo sentido. Com isso, toda a atividade garimpeira antes amparada por essas licenças irregulares deve continuar paralisada. A ação que originou a sentença é do Ministério Público Federal (MPF), em ação civil pública. Atualmente, o processo está em fase de recurso.
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