Piauí, São Paulo e Ceará têm os menores índices de bombeiros por habitantes no país
Entre as unidades da Federação com os melhores índices por 1.000 habitantes estão Distrito Federal, Amapá e Roraima
Cidades|Thays Martins, do R7, em Brasília
Piauí, São Paulo e Ceará são as unidades da Federação com as menores taxas de bombeiros por 1.000 habitantes, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública referentes a 2022. Os estados têm, respectivamente, uma média de 0,10, 0,19 e 0,20 bombeiros a cada 1.000 moradores. O R7 questionou os governos dos estados sobre os números, mas até a publicação desta matéria não teve resposta.
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O índice dos estados está abaixo da média nacional, que é de 0,33 por 1.000 habitantes. De acordo com o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, em 2022 o país tinha 67.566 bombeiros na ativa. Além disso, segundo o IBGE, a população brasileira naquele ano era de 203.080.756 pessoas.
Em nota enviada ao R7, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo disse que “a recomposição do efetivo é uma das prioridades da atual gestão, que já formou 5,8 mil policiais desde 2023 e possui um total de 5.803 em formação, incluindo efetivo a ser direcionado ao Corpo de Bombeiros” (leia a íntegra no fim da matéria).
O Governo do Ceará disse que em 26 de agosto anunciou um concurso público para o ingresso de 500 bombeiros militares ainda neste ano. Até 2026, mais 500 profissionais devem ser convocados, de acordo com o governo.
O Governo do Piauí foi contatado pela reportagem, mas não enviou resposta. O espaço segue aberto para manifestação.
As unidades da Federação com os melhores indicadores são Distrito Federal (2,18 bombeiros por 1.000 habitantes), Amapá (1,44 a cada 1.000) e Roraima (0,80 a cada 1.000).
Queimadas no Brasil
Em 2024, o Brasil vive uma crise em função de incêndios florestais. Segundo dados do BDQueimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), do início do ano até 20 de setembro foram 195.314 focos de queimadas no país, quase 100 mil a mais do que no mesmo período do ano passado (97.701) e mais do que em todo o ano de 2023 (189.901).
A maior quantidade de focos de incêndio neste ano aconteceu em Mato Grosso, com 42.633. O estado tem uma média de 0,38 bombeiros por 1.000 habitantes. Segundo estado com mais focos de queimadas, com 34.012, o Pará tem 0,28 bombeiros por 1.000 moradores. A terceira unidade da Federação com mais incêndios é o Amazonas, com 20.714, que também tem 0,28 bombeiros a cada 1.000 habitantes.
Os estados com menos queimadas são: Sergipe (77 focos; 0,35 bombeiros por 1.000 habitantes), Amapá (92 focos) e Alagoas (139 focos; 0,36 bombeiros por 1.000 habitantes).
Ações contra os incêndios
Para enfrentar a situação, na última quarta-feira (18) o governo publicou em edição extra do Diário Oficial da União uma medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva que autoriza crédito extraordinário de R$ 514,4 milhões para serem aplicados em ações de combate a incêndios florestais e à seca que atinge grande parte da Região Norte e a Amazônia Legal.
Além disso, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) deve liberar nos próximos dias cerca de R$ 400 milhões para apoio aos corpos de bombeiros dos Estados da Amazônia Legal. Os recursos serão destinados para a compra de materiais, equipamentos e viaturas.
Um efetivo extra de 150 bombeiros da Força Nacional mandados à Amazônia pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública após determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) chegaram na sexta-feira (20) aos locais de operação para combater os incêndios na região. O ministério informou, ainda, que mais 48 bombeiros estão em treinamento e em breve serão enviados ao local.
Segundo a pasta, 268 bombeiros da Força Nacional estão atuando no combate aos incêndios florestais. Outros 32 agentes da Polícia Judiciária foram destacados para auxiliar a Polícia Federal e as Polícias Civis estaduais na investigação das queimadas.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública destinou quase R$ 40 milhões para apoiar operações de proteção dos biomas nos estados e no Distrito Federal. As ações incluem o combate a incêndios e a situações climáticas extremas. O valor representa aumento de mais de 400% em comparação a 2022, quando foram investidos cerca de R$ 9,4 milhões no ano.
Existem ao menos 5.500 inquéritos policiais em andamento relacionados aos incêndios florestais. Desses, 52 investigações, iniciadas em 2023 e 2024, são especificamente sobre queimadas na Amazônia, no Pantanal e no Cerrado.
O que disse o Governo de São Paulo
A recomposição do efetivo é uma das prioridades da atual gestão, que já formou 5,8 mil policiais desde 2023 e possui um total de 5.803 em formação, incluindo efetivo a ser direcionado ao Corpo de Bombeiros. Há, ainda, concursos em andamento para o preenchimento de outras 5,6 mil vagas destinadas à PM. A Secretaria da Segurança Pública reitera que o efetivo atual do Corpo de Bombeiros é capacitado e tem sido eficaz nas atuações que envolvem resgates, salvamentos e ações de Defesa Civil. Prova disso são os números obtidos neste ano. De janeiro a agosto, os bombeiros atenderam um total de 385.596 ocorrências, realizaram 172.937 resgates e 44.415 salvamentos. Além disso, operaram no combate de mais de 53 mil incêndios e salvaram 173.784 vidas. O efetivo atual conta ainda com 180 novas viaturas, adquiridas para a Corporação com investimento de R$ 144,1 milhões pela atual gestão.