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Quatro a cada dez crianças de até seis anos se afastam de creches por falta de saneamento

Estudo aponta que impacto da falta de esgoto adequado afeta mais a primeira infância do que outras fases da vida

Cidades|Thays Martins, do R7, em Brasília

6,6 milhões de crianças precisaram se afastar de atividades devido a falta de esgoto Rovena Rosa/ Agência Brasil

Aproximadamente quatro a cada dez crianças com idade de até seis anos deixaram de ir à creche devido a diarreias e doenças transmitidas por insetos e animais. Esses são alguns dos impactos sentidos pela falta de saneamento básico. O alerta é feito por estudo do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta quinta-feira (10).

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O levantamento avaliou o efeito da falta de esgoto adequado na gravidez, primeira infância, segunda infância e adolescência. A conclusão é que todas essas fases são impactadas, mas a primeira infância é que a sofre mais. Essa fase, que vai de zero a seis anos, é extremamente importante para o desenvolvimento cognitivo do ser humano.

Segundo dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) este ano, cerca de 1,2 milhão de brasileiros vivem em casas sem nenhum tipo de esgotamento sanitário.

“As crianças que viveram a primeira infância com condições precárias de saneamento passam à segunda [infância] com sequelas em seu desenvolvimento físico e cognitivo. Essas sequelas, somadas a uma vida sem acesso adequado ao saneamento, vão agravar essa situação, aumentando ainda mais as disparidades cognitivas e de saúde”, afirma o estudo.


Entre as 18,3 milhões de crianças nessa fase no país, 6,6 milhões precisaram se afastar de suas atividades escolares devido a doenças transmitidas por microrganismos presentes na água não tratada, como o rotavírus, uma das mais importantes causas de diarreia grave em crianças menores de cinco anos no mundo.

Em relação a doenças respiratórias, foram 23,6 milhões de afastamentos nessa faixa etária. Segundo o estudo, o número indica que em média cada criança ficou afastada mais de uma vez ao longo do ano em razão de gripes e pneumonias.


“Quanto maior o acesso de uma população aos serviços de abastecimento de água tratada e de coleta de esgoto, menores são as chances de contrair doenças de veiculação hídrica ou doenças respiratórias”, diz o estudo.

Impacto no desenvolvimento escolar

O levantamento aponta que o afastamento das crianças devido a doenças causadas pela falta de saneamento tem grande impacto no desenvolvimento escolar. O estudo comparou dados do Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica) de 2021 entre dois grupos: um que não tinha acesso à água tratada na rua de sua casa e outro que dispunha dessa infraestrutura.


“Nota-se que o grupo sem água tratada na rua em que mora teve, em 2021, uma nota em língua portuguesa 20,9 pontos inferior à nota do grupo com água tratada na rua”, destaca a pesquisa.

A diferença também foi notada com relação ao acesso a banheiros. Entre os que não tinham acesso, a média em língua portuguesa foi 45,5 pontos inferior à nota do grupo com acesso a banheiro.

Na adolescência

Entre os adolescentes, aproximadamente duas a cada dez pessoas com idade entre 12 e 19 anos se afastaram de suas atividades rotineiras em razão de diarreias e doenças transmitidas por insetos e animais. Os impactos também se refletiram na vida escolar. O grupo sem água tratada na rua obteve uma nota em língua portuguesa 24,5 pontos inferior à nota do grupo com acesso à água entre alunos do 9º ano.

A nota média no Saeb dos estudantes sem acesso a banheiros em língua portuguesa foi de 230. “Esses alunos não conseguiam, por exemplo, localizar informações explícitas em crônicas e fábulas ou inferir tema e ideia principal de notícias”, destaca a pesquisa.

O levantamento ainda conclui que, ao comparar dois jovens de 19 anos, é esperado que aquele que mora numa residência com todos os equipamentos de saneamento tenha uma renda média mensal 33,4% superior à do que não tem esses serviços sanitários.

“Se for dado acesso à coleta de esgoto a um trabalhador que mora em uma área sem acesso a esse serviço, espera-se que a melhora geral de sua qualidade de vida possibilite uma produtividade maior, com efeito sobre sua remuneração em igual proporção.”


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