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'Tive que  comprar o oxigênio', diz mãe de paciente em Manaus

Familiares tiveram de deixar unidade de saúde e policiamento foi reforçado. Parentes precisam comprar oxigênio para pacientes

Cidades|Do R7, com informações da Record TV e da Agência Estado

Fátima, mãe de jovem internado em Manaus
Fátima, mãe de jovem internado em Manaus Fátima, mãe de jovem internado em Manaus (Reprodução/Record TV)

Em meio ao colapso do sistema de saúde de Manaus, familiares de pacientes lamentam as condições de internação. No hospital e pronto-socorro 28 de agosto, na zona centro-sul de Manaus, os acompanhantes foram convidados a sair do local e se aglomeram do lado de fora. O policiamento foi reforçado em torno das unidades de saúde em todo o estado.

Em entrevista à Record TV, a mãe de um jovem internado no 28 de agosto, na zona centro-sul de Manaus, conta que ela mesma comprou o tubo de oxigênio que está sendo usado pelo filho em uma das unidades de saúde da cidade.

"Há sete dias estou aqui. É muito difícil. A gente não tem boletim, não tem ninguém pra dar informação. Não deixam entrar. Quando conseguimos alguém pra dar informações, retiraram todos os acompanhantes [da unidade de saúde]. Tivemos informação de um acompanhante que estava lá, com o pai de 80 e poucos anos", relatou a mulher, de prenome Fátima. "Não tem oxigênio, eu tive que comprar o oxigênio, comprei", conta. 

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Um outro jovem, que está com a tia internada, afirmou que o preço do tubo de oxigênio é alto. "Fui atrás de oxigenio e não achei pra minha não, que está em um hospital da zona sul de Manaus. É uma faca enfiada mesmo, bem dentro do peito", afirma Raimundo, que também tem uma tia internada. "Não é facil, é muito gasto, oxigênio é mto caro, está em torno de R$ 3.000 e só dura 40 minutos. Quando toca o telefone, 'olha estamos precisando mais disso, mais daquilo', felizmente os médicos estão dando o que podem, estão dando o sangue mesmo."

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O pedido de ajuda às autoridades é uma constante entre as pessoas ouvidas, com parentes internados. "Estou aqui há oito dias querendo noticias do meu pai, eles não dão informação", afirma uma jovem. "Peço que as autoridades competentes se mobilizem. Eles estão morrendo aí dentro por falta de oxigênio. Aqui tá lotando de gente. A gente tá clamando por ajuda. Governador, cadê o senhor? Prefeitos, vereadores cadê vocês?. Não tem ninguém, só é deus por nós."

Mortes por asfixia

Com a nova explosão de casos de covid no Amazonas, o estoque de oxigênio acabou em vários hospitais de Manaus, levando pacientes internados à morte por asfixia, segundo relatos de médicos que trabalham na capital amazonense.

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O Hospital Universitário Getúlio Vargas, ligado à Universidade Federal do Amazonas (UFAM), ficou cerca de quatro horas sem o insumo na manhã desta quinta, o que gerou desespero entre os profissionais, segundo relatou ao jornal O Estado de S. Paulo uma médica da unidade, que não quis se identificar.

O número de sepultamentos em Manaus quintuplicou em um mês, segundo dados divulgados pela prefeitura. Na quarta-feira (13), 198 enterros ocorreram na capital, dos quais 87 tinham confirmação para covid-19 e sete eram de casos suspeitos. Em 13 de dezembro foram 36 óbitos, seis com resultado positivo para o vírus. Isto representa um aumento de 450%.

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Colapso

Com a rede de atendimento em colapso e sem oxigênio para tratamento da covid-19, o Amazonas terá de transferir parte dos seus pacientes a outros Estados. Segundo o governo local, no primeiro momento, 235 pacientes serão enviados a hospitais do Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Goiás e Distrito Federal.

Há estimativa de que até 750 pessoas tenham de deixar Manaus para serem atendidas em outros locais. Mais cedo, em entrevista à imprensa, o governador Wilson Lima (PSC) afirmou que o Amazonas vive "o momento mais crítico da pandemia, algo sem precedente". No ano passado, as redes de saúde e funerária do Estado já colapsaram.

A crise se agravou nos últimos dias pela falta de oxigênio em unidades de saúde. Há ainda variante do novo coronavírus circulando no Estado.

Pico de consumo

O secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, disse à imprensa que o consumo diário de oxigênio teve um pico de 30 mil metros cúbicos em 2020. Neste mês, o pico de consumo foi de 70 mil metros cúbicos num só dia.

O governo federal irá apoiar a transferência dos pacientes, em aviões militares. O secretário nacional de Atenção Especializada em Saúde, Franco Duarte, disse que serão transferidos pacientes com quadros "moderados", que exigem uso de oxigênio, mas têm ainda condições de serem transportados.

Em nota, o governo do Amazonas afirma que, na noite de quarta-feira, 13, "a empresa fornecedora da maior parte dos gases medicinais à rede pública estadual oficializou 'dificuldades em relação à execução do plano logístico para a entrega de insumos e a alta demanda que vinha ocorrendo' na rede pública de saúde".

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