Um mês após queda de ponte ligando MA e TO, três pessoas seguem desaparecidas
Até o momento, foram confirmadas mortes de 14 pessoas; processo de buscas segue em andamento
Cidades|Giovana Cardoso e Lis Cappi, do R7, em Brasília

A queda da ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, na divisa entre o Maranhão e Tocantins, completa um mês nesta quarta-feira (22) com três pessoas desaparecidas e 14 mortes confirmadas. Apenas um homem foi resgatado com vida da tragédia, Jair Silva Rodrigues, de 36 anos. Do total de mortes confirmadas e desaparecidos, estão crianças e idosos.
As ações para localizar os desaparecidos ocorrem de forma pontual, com uso de lanchas, motos aquáticas e drones. No último fim de semana, a Marinha informou que mergulhadores seguiam proibidos de entrar na água por falta de segurança. “A Marinha está empregando 72 militares, que realizam buscas em superfície”, diz trecho de nota.
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Uma nova etapa das ações na estrutura que ligava cidades do Maranhão e do Tocantins é voltada para a retirada de veículos que ficaram presos no local. São dois caminhões e dois carros, conforme indica o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes). A previsão é de conclusão da retirada até o fim desta semana.
A movimentação para retirada dos veículos ocorre após a Justiça Federal determinar que um dos automóveis sejam retirados em até 10 dias. Caso o departamento não consiga remover, o juiz da 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Imperatriz estabeleceu que o Dnit forneça, temporariamente, outro carro ao autor do processo, a fim de evitar prejuízos às atividades profissionais do homem, que atua como representante comercial no setor agropecuário.
Buscas suspensas?
No início do mês, havia risco de que a operação de buscas fosse suspensa por uma necessidade em abrir comportas da Usina Hidrelétrica de Estreito, mas Consórcio Estreito Energia, responsável pela administração do local, confirmou que poderia manter a redução da vazão das águas da usina hidrelétrica por mais alguns dias, permitindo a realização de mergulhos.
Com a medida, a Marinha retomou as ações, sem que tivesse uma suspensão definitiva das buscas, mas o aumento do nível da água interrompeu ações de mergulho na região.
Para o resgate das vítimas, os mergulhadores usaram técnicas diferentes para alcançar profundidades que ultrapassam 40 metros. Segundo os militares, as maiores dificuldades dizem respeito aos destroços, como cabos de aço, material de alvenaria, concreto e os próprios veículos encontrados.
Água contaminada
Em janeiro, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) confirmou que houve vazamento de produto químico no Rio Tocantins. A contaminação da água foi devido a dois caminhões, que transportavam ácido sulfúrico e agrotóxicos, e caíram na água.
O instituto também afirmou ter acionado às empresas transportadoras responsáveis pelos veículos com cargas perigosas a auxiliarem na retirada do material tóxico. Até o dia 9 deste mês, foram realizados mergulhos com a retirada de 29 bombonas com 20 litros de agrotóxicos, cada.
A partir do dia 10 de janeiro a operação foi suspensa devido ao aumento de vazão de água da usina hidrelétrica, impossibilitando a continuidade da retirada das caixas com agrotóxicos.
A previsão indicada pela Sala de Crise de retirada de todos os veículos submersos e dos carregamentos de pesticidas e ácido sulfúrico é de um período de 145 dias. A remoção deverá ser iniciada em abril, quando houver diminuição no nível do rio Tocantins.
“Em resposta, o Ceste informou não ser possível garantir janelas de mergulhos no período úmido, que se estende até final de abril. Com a perspectiva apresentada pelo Consórcio Estreito Energia, os trabalhos que envolvem mergulho deverão ficar suspensos até alteração do cenário”, diz o Ibama.
Travessia
Em relação à trafegabilidade da rodovia, foram disponibilizadas cinco rotas alternativas para veículos leves e pesados, informou o Dnit. Já para operações de embarcações, o departamento afirma que os acessos estão em fase final de execução.
No dia 31 de janeiro, o Ministério dos Transportes contratou a empresa que será responsável pela reconstrução da ponte. A obra, que terá um investimento de R$ 171 milhões, deve ser concluída até dezembro de 2025. O Consórcio Penedo-Neópolis, formado pelas empresas Construtora Gaspar S/A e Arteleste Construções Limitada, ficará responsável pela estrutura.
“A nova ponte terá acostamento, passeio, ciclovia e será 7 metros mais larga que a anterior. Esse valor inclui a demolição da ponte atual, novas fundações e a melhoria dos acessos das duas cidades”, explica o diretor-geral do DNIT, Fabrício Galvão.
Como rota alternativa, veículos que estão no Tocantins devem acessar a estrada que vai de Darcinópolis (TO) a Luzinópolis (TO), chegar na BR-230/TO e seguir até o km 101 (cidade de São Bento/TO). Em seguida pegar a direita, sentido Axixá (TO) e Imperatriz (MA).
Já no Maranhão, os usuários devem acessar a BR-226/MA em Estreito (MA) até Porto Franco (MA). De Porto Franco (MA), os usuários devem seguir pela BR-010/MA até Imperatriz (MA).
Relembre o caso
No dia 22 de dezembro, a ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga os municípios de Aguiarnópolis (TO) e Estreito (MA) desabou, deixando ao menos 14 pessoas mortas.
Na época, o Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes) informou que o desabamento foi causado pelo colapso do vão central da ponte, cuja causa ainda está sendo investigada.
O departamento chegou a instaurar uma sindicância para apurar as causas e responsabilidade do desabamento. A diretoria colegiada do Dnit, responsável pelo levantamento de fatos, terá 120 dias para apresentar o relatório.
No momento do colapso, ao menos oito veículos, entre eles automóveis e caminhões, despencaram no rio Tocantins. A estrutura, foi construída na década de 1960, tinha 533 metros de extensão e era uma ligação essencial entre os estados do Maranhão e Tocantins.