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Cinco cânceres, perna amputada e Everest: conheça o brasileiro que usa sua história para inspirar vidas

João Saci descobriu a doença pela primeira vez aos 17 anos. Curado, ele escreveu um livro e faz palestras motivacionais

Noticias|Thaís Sant'Anna, do R7

João Saci no Nepal, a caminho do Everest,
e em uma palestra
João Saci no Nepal, a caminho do Everest, e em uma palestra

O goiano João Saci, de 39 anos, teve que aprender o significado da palavra resiliência logo na juventude. O palestrante motivacional e influenciador digital descobriu aos 17 que estava com um câncer no joelho esquerdo e teve que amputar a perna. Entre 2006 e 2016 foi diagnosticado quatro vezes com tumor no pulmão. Passou por quimioterapias e cirurgias, mas não desanimou. Buscando encontrar um novo significado para a vida, passou a contar sua história de luta para ajudar pessoas a superarem momentos difíceis e seguirem em frente.

“Meu maior aprendizado é que tudo na vida acontece por um propósito. Desde muito cedo tive que acreditar que era forte o suficiente para lidar com essa situação ou não estaria aqui hoje”, conta João em conversa exclusiva ao Virtz.

Primeiro câncer e amputação

Em 2001, o palestrante recebeu o diagnóstico do primeiro tumor, em seu joelho esquerdo. “Era bem grande. O médico fez uma cirurgia para retirar e deixou uma parte. O procedimento foi feito da forma errada e ele tinha dito que era benigno”, recorda.

Dois meses depois, João percebeu que o caroço permanecia em seu joelho e, após novos exames, descobriu que se tratava de um câncer. “Foi devastador. É aquela coisa que todo mundo fala, ‘sua vida passa na sua frente’. E achava que quimioterapia era tomar remédio antibiótico e estava tudo certo. Não tinha a noção de tudo que eu iria enfrentar”, desabafa.


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Mesmo fazendo o tratamento, a doença não regrediu e a única solução que os médicos encontraram foi a amputação. “Comecei a chorar e a tremer desesperadamente. Gritava: ‘qual a necessidade disso?’. O primeiro momento é de negação. Mas depois você senta e começa a voltar para si”, diz.

Para aceitar a nova condição, João começou a procurar referências de pessoas amputadas e fazer acompanhamento psicológico, além de ter o apoio da família. “Entendi que para eu estar vivo, não tinha outra escolha. Foi o mal menor. Não foi um tratamento curto. Foi bem pesado. Mas, com 17 anos, a única coisa que você faz é seguir um dia após o outro. Um dia a mais de vida era um dia mais perto da minha cura”, completa.


Campeão brasileiro de natação PCD e quatro cânceres no pulmão

Depois que se curou do câncer no joelho, João voltou a viver normalmente e a praticar esportes. Ele se tornou um atleta de natação paraolímpico e chegou a ser campeão brasileiro em 2002. “No auge da minha carreira, ali em 2005, descobri o câncer pela segunda vez. Eu estava com nódulos no pulmão”, recorda ele, que chegou a fazer quimioterapia e um autotransplante de medula.

Em 2009, a doença voltou. Ele passou por uma cirurgia para remover o tumor. João voltou a nadar e a competir, mas no ano seguinte, o mesmo diagnóstico. Devido às inúmeras sessões de quimioterapia, os médicos concluíram que a melhor opção era retirar parte do pulmão. “Aí, não tinha mais a mesma vontade de nadar”, lamenta.

João Saci no Campeonato Brasileiro de Natação paralímpica, em 2002, e após retirar parte do pulmão, em 2010
João Saci no Campeonato Brasileiro de Natação paralímpica, em 2002, e após retirar parte do pulmão, em 2010

No ano de 2016, João fez exames de rotina e descobriu um novo câncer pulmão. Foi feita mais uma cirurgia para remover o tumor. “Se o câncer permanecer em remissão completa por 5 anos ou mais, normalmente, pode ser considerado curado”, explica.

Vontade de viver

João lembra que quando estava fazendo o tratamento para o segundo câncer — primeiro no pulmão —, terminou um relacionamento. “Ou seja, o que não estava bom, ficou um pouco pior. Eu estava em São Paulo para fazer o tratamento, longe da minha família. Foi a única vez que pensei em suicídio. Não queria deixar de viver, queria deixar de sofrer”, admite.

Com o apoio da mãe, ele voltou a ter vontade de viver. “É a questão da resiliência. Se eu não morri no primeiro câncer, nem no segundo, não vai ser no terceiro que vou morrer. Entendi que eu quem comandava essa bagaça toda”, declara.

Everest e livro

João Saci
João Saci

João passou a contar sua história em palestras e, em 2019, lançou o livro “Nascido para vencer – uma vida de superações”. Em 2022, querendo ‘sair da zona de conforto e colocar a energia para movimentar’, como ele mesmo descreve, fez uma caminhada para o acampamento base do Everest, no Nepal, que fica a uma altitude de 5 364 metros.

“É um exemplo para outras pessoas verem que somos nós quem colocamos limites em nossa vida, não o câncer. Se cada pessoa que olhar a minha história e falar: ‘estou passando por um momento difícil, mas vou conseguir realizar os meus planos’, eu entreguei meu propósito”, diz.

João sonha ainda em abrir uma instituição para ajudar pessoas com câncer. Para isso, ele pretende escalar o Everest até o topo e, a cada metro conquistado, ser patrocinado por uma empresa. O objetivo é arrecadar o valor para abrir sua ONG.

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