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Alta do dólar não deixará ceia de Natal dos brasileiros mais cara

Impacto da manutenção da moeda norte-americana acima dos R$ 4,20 só deve ser sentido no bolso dos consumidores no ano que vem

Economia|Alexandre Garcia, do R7

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Natal dos brasileiros é repleto de itens importados
Natal dos brasileiros é repleto de itens importados

O salto recente do dólar ao maior nível nominal desde a criação do Plano Real não vai pesar no bolso dos brasileiros na hora de montar a ceia de Natal deste ano. Somente neste mês de novembro, a moeda norte-americana subiu 5,1%, de R$ 4 para R$ 4,21.

Tradicionalmente presentes nas refeições natalinas, os itens importados como vinho, azeite, bacalhau, frutas secas, nozes e amêndoas só devem ficar com preços mais salgados a partir de janeiro, caso a moeda norte-americana se mantenha na casa dos R$ 4,20.


O presidente da ABBA (Associação Brasileira dos Exportadores e Importadores de Alimentos Bebidas), Adilson Carvalhal Junior, afirma que é “impossível” não repassar o aumento do dólar aos consumidores, mas avalia que a maioria dos lojistas já tem o estoque formado e preços fixados para o fim de ano.

"Quando o mercado fica muito oscilante a curto prazo, com muita especulação, a reação [nos preços] não é tão instantânea. Se espera por uma acomodação [do câmbio] em um patamar para só depois repassar [aos consumidores], explica Carvalhal.


Veja também: Dólar alto é estímulo para indústria nacional sair da crise

A percepção do professor de economia Mauro Rochlin, da FGV (Fundação Getulio Vargas), é de que a valorização da moeda norte-americana “não deve impactar muito” no preço dos alimentos natalinos. “Se você olhar a série história [da inflação], vai verificar que dezembro não apresenta taxas discrepantes dos meses anteriores”, observa ele.


Rochlin também vê um movimento de cautela antes que os valores sejam repassados. “Os importadores estão esperando para verificar qual é o novo patamar para o câmbio, se não é apenas uma conjuntura adversa”, afirma o professor da FGV.

A professora de Economia da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) Nadja Heideric, por sua vez, classifica os hábitos dos brasileiros como determinantes para o encarecimento da ceia após a alta do dólar. “Boa parte dos itens que compõem a refeição de Natal é importada, o que deve deixar a ceia um pouco mais cara”, avalia.


2020

Para o ano que vem, os especialistas garantem que a manutenção do câmbio no nível atual vai deixar mais salgado os preços de alimentos origem estrangeira nos mercados do Brasil. "Se esses patamares se mantiverem, a tendência é de que algum efeito se tenha", destaca Rochlin.

"A gente entende que o euro e o dólar impactam diretamente no custo dos produtos e eu acho que se pode esperar um aumento de cerca de 8% para o próximo ano, se o dólar se estabilizar próximo aos R$ 4,20”, avalia o presidente da ABBA.

A expectativa atual dos economistas consultados semanalmente pelo BC (Banco Central) é de que o dólar termine o ano cotado a R$ 4,10 e caia para R$ 4 ao final de 2020. De acordo com Rochlin, da FGV, o ideal seria a taxa de câmbio voltar a patamares menores. “O câmbio a R$ 4,20 é muito desvalorizado. O exportador deve estar rindo à toa“, comenta ele.

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