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Após rombo de R$ 20 bilhões da Americanas, como ficam as ações?

Veja visão dos analistas após a nova administração achar inconsistências relevantes no balanço da empresa

Economia|

Ações da Lojas Americanas caem após rombo de R$ 20 bilhões
Ações da Lojas Americanas caem após rombo de R$ 20 bilhões Ações da Lojas Americanas caem após rombo de R$ 20 bilhões

Empossados há dez dias, o CEO da Lojas Americanas, Sérgio Rial, e o CFO, André Covre, renunciaram ao cargo na quarta-feira (11), após a descoberta de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços da empresa.

A companhia identificou a existência de operações de financiamento de compras, nas quais a varejista é devedora, que não estão adequadamente registradas nas demonstrações financeiras divulgadas no 3° trimestre do ano passado.

Segundo a empresa, ainda não há como precisar os impactos dessa descoberta nos resultados e no balanço patrimonial. A notícia, divulgada por meio de fato relevante na noite desta quarta-feira 11), caiu como uma bomba no mercado, e investidores se perguntam se estão diante de um novo “IRB” — ressegurador que descobriu fraudes nos balanços em 2020 e viu suas ações despencarem 90% desde então.

Para se ter uma ideia da dimensão dessa dívida, o valor de mercado da Americanas na última sessão era de apenas R$ 10,8 bilhões — praticamente metade do montante. As inconsistências contábeis também são praticamente equivalentes ao valor de mercado do Magazine Luiza (R$ 20,4 bilhões), a principal varejista da Bolsa, e também das Lojas Renner (R$ 20,6 bilhões).

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Durante teleconferência na manhã desta quinta-feira (12), Rial destacou que a empresa precisará de capital para lidar com o problema. Ele também pediu aos investidores que “aguentem firme” e reforçou que o rombo não trará impacto de curto prazo no caixa da empresa.

O que fazer com as ações AMER3

As notícias para quem têm AMER3 na carteira não são boas. As ações estavam em leilão desde o início do pregão de hoje, como forma de impedir grandes oscilações de preço. Na abertura, os papéis registraram queda de 76,25%, cotados a R$ 2,85 na Bolsa de Valores.

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“O caso estampa uma situação de fraude, e o mercado detesta isso. A nova administração não renunciaria se não fosse algo muito ruim, e provavelmente o negócio está bem feio. A porta pode ficar pequena para o investidor que precisa sair desse papel”, afirma Pedro Menin, sócio-fundador da casa de análise Quantzed.

Menin afirma que o impacto no balanço é de R$ 20 bilhões, mas que ainda não é possível dimensionar o tamanho real desta dívida. A recomendação é que os investidores evitem se posicionar no papel.

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“Enquanto o mercado não tiver um tato melhor do que aconteceu, ficará essa dúvida. Outro ponto também é quem são os bancos credores. Dependendo do tamanho do buraco, se a Americanas der default (não pagar a dívida), pode contaminar a indústria”, diz Menin.

Essa também é a visão de Rodrigo Cohen, analista do CNPI e cofundador da Escola de Investimentos, empresa de educação financeira. “O comunicado foi catastrófico. É uma notícia muito complicada, o papel vai abrir lá embaixo, os investidores vão querer sair dele o mais rápido possível”, diz.

A Ágora Investimentos colocou os papéis da Americanas em “revisão”. Outras casas como XP, Citi, Itaú e Bradesco BBI também suspenderam as recomendações.

Fernando Ferrer, analista da Empiricus, ressalta que as investigações estão em caráter preliminar e que não está claro se foi fraude ou não. Entretanto, a dívida de R$ 20 bilhões faz com que o patrimônio líquido da Americanas fique negativo. Isso significa que os valores que a varejista tem a pagar superam a soma de todos os ativos da empresa.

“Se realmente for desse tamanho, a Americanas precisará fazer um aumento de capital para cobrir esse rombo. Isso pode respingar em outros papéis que os controladores da Americanas tenham”, diz Ferrer.

Durante a tarde, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu dois processos administrativos para investigar Americanas. Por ora, os processos estão em fase de recolhimento de informações e apuração dos fatos.

Consequências

O fundo de private equity 3G Capital, acionista de referência da varejista, pertence aos brasileiros Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira. Eles também têm uma posição relevante na Ambev (ABEV3). Nesta reportagem, mostramos os fundos que têm 100% do portfólio em Americanas e estão expostos.

“Além do cenário atual, nós já éramos céticos com Americanas. Um corpo operacional muito ruim, junto com um momento macroeconômico desfavorável. Agora, dúvidas sérias sobre inconsistências contábeis e eventualmente até uma fraude, que deve ser danosa para a reputação do grupo”, afirma Ferrer.

Fábio Sobreira, analista-chefe e sócio da Harami Research, vê a eventual necessidade de aumento de capital ou até mesmo de um processo de recuperação judicial. “Talvez a ação caia 20%, 30% ou até mesmo 40%”, afirma. “Se realmente for comprovada a irregularidade, serão anos para recuperar a credibilidade.”

De 2018 para cá, a companhia já vinha mostrando dificuldades em manter a margem líquida, segundo Mario Goulart, analista de investimentos e criador do canal no YouTube O Analisto. Em 12 meses, a AMER3 já registra uma derrocada de 56%.

Agora, com o rombo bilionário, maior que o valor de mercado da própria varejista, a perspectiva é que o cenário fique cada vez mais complexo. “Não recomendo entrar. Empresa que dá prejuízo e está endividada, já não recomendo entrar por princípio. E, nesse momento, menos ainda”, afirma Goulart.

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