Aumento do e-commerce deve criar mais promoções na Black Friday
Segundo a Receita, as vendas no varejo online cresceram 45% entre março, mês de agravamento da pandemia de covid-19 no Brasil, e setembro
Economia|Raphael Fernandes*, do R7
A Black Friday, que acontece na próxima sexta-feira (27), é uma das datas mais esperadas do ano para os consumidores e varejistas. Normalmente, o e-commerce movimenta grandes montantes de dinheiro neste período do ano e, em 2020, por causa da pandemia de coronavírus, a expectativa é de crescimento no setor.
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De acordo com dados divulgados pela Receita Federal, entre março (mês de agravamento da pandemia de coronavírus no Brasil) e setembro, o faturamento real do comércio eletrônico cresceu 45% em termos reais, quando comparado ao mesmo período do ano passado. A quantidade de pedidos no varejo eletrônico, por sua vez, mais que dobrou no mesmo período, com avanço de 110% na quantidade de notas fiscais emitidas.
O aumento das vendas online, de acordo com Eduardo Honrado, diretor de marketing da Sono Quality, é ótimo, porque torna a Black Friday mais "abrangente e transparente".
"Segmentos que antes não exploravam este tipo de campanha, agora participarão ativamente. O consumidor está mais antenado e exigente, portanto as empresas estarão muito mais atentas às estratégias de preço e condições, isto é, criarão promoções verdadeiras e fidedignas", explica Honrado.
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Crescimento do varejo online
Segundo levantamento da Ebit | Nielsen, na edição da Black Friday de 2019, o varejo online faturou R$ 3,2 bilhões - o que representou uma alta de 23,6% do evento de 2018, quando as vendas ficaram em R$ 2,6 bilhões.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) projeta um avanço real de 61,1% nas vendas exclusivamente online em comparação com a Black Friday de 2019. As lojas físicas, por sua vez, deverão ter um avanço de apenas 1,1% ante a data do ano passado.
Apesar do crescimento das vendas online, o varejo físico e segmentos não tão tradicionais, que ao longo dos anos aderiram cada vez mais a data, esse ano devem ser prejudicados por causa do isolamento social.
"Mais do que nunca a Black Friday tende a ser um evento do varejo promocional muito concentrado nas vendas online. O e-commerce tende a crescer ainda mais este ano", afirma Fabio Bentes, economista da CNC.
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Bentes diz acreditar que a pandemia acelerou o processo de aumento de bens de consumo no meio eletrônico.
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O economista cita que entre maio e julho quem não tivesse capacidade logística de entrega estaria fora do mercado. Para ele, o varejo teve que se adaptar e se organizar para esse novo momento.
O presidente da CNDL (Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas), José César da Costa, diz que o comércio online ajuda a expandir as vendas, "pois o pequeno varejista que não tem uma página de e-commerce pode utilizar as redes sociais e o WhatsApp para atender os clientes nesta Black Friday".
Costa analisa que o setor do varejo conta com a data para movimentar a economia. "Muitos consumidores deixam de comprar em outubro e em novembro para aproveitar as promoções da Black Friday, por isso a data se tornou uma das mais importantes para o comécio", afirma Costa.
Dificuldades para Black Friday
A pandemia dificultou a reposição de estoques do comércio e, segundo Leandro Ribeiro, gerente de marketing e e-commerce na Hippie Artesanatos, a falta de produtos pode atrapalhar as vendas na Black Friday deste ano.
"Tivemos dificuldade na aquisição de novos produtos, matéria prima e reposição de estoque, além de um aumento de até 30% no valor de alguns itens", afirma Ribeiro.
Honrado cita ainda que, apesar da Black Friday ser uma data propícia para compras, muitos consumidores ainda se sentem receosos em gastar as economias devido às incertezas do momento. "Muitos estão desempregados e outros apenas contendo gastos por cautela. Uma grande dificuldade será contornar essa insegurança do público", finaliza Honrado.
*Estagiário do R7, sob supervisão de Ana Vinhas