BC eleva taxa básica de juros pela 12ª vez e Selic atinge 13,75%
Desde o primeiro aumento, em março de 2021, a taxa já subiu 11,75 pontos percentuais, o maior choque de juros desde 1999
Economia|Do R7
Com a perspectiva de inflação para o ano que vem, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu nesta quarta-feira (3) manter o ritmo de alta da Selic. A taxa básica de juros subiu 0,50 ponto percentual, de 13,25% para 13,75% ao ano.
Com a elevação, a Selic alcançou o mesmo patamar de dezembro de 2016. Foi a 12ª alta consecutiva neste ciclo de aperto monetário, que já é o mais longo da história do Copom.
Desde o primeiro aumento, em março de 2021, quando a Selic estava na mínima de 2%, a taxa já subiu 11,75 pontos percentuais, o maior choque de juros desde 1999, quando, durante a crise cambial, o BC elevou a Selic em 20 pontos percentuais de uma vez só.
"O ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado. O processo de normalização da política monetária nos países avançados tem se acelerado, impactando o cenário prospectivo e elevando a volatilidade dos ativos", justifica o Copom.
"A inflação ao consumidor continua elevada, tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente. As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação. As expectativas de inflação para 2022, 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,2%, 5,3% e 3,3%, respectivamente", afirma texto divulgado após anúncio da nova taxa Selic.
No último encontro, quando aumentou a Selic para 13,25% ao ano, o Copom afirmou que a decisão tem o objetivo de conter a inflação, atualmente a caminho de fechar 2022 acima do teto da meta pelo segundo ano consecutivo. Também ficou sinalizado o novo salto dos juros básicos para 13,75% ao ano neste mês.
Como funcionam os juros básicos?
A Selic é conhecida como taxa básica porque é a mais baixa da economia e funciona como forma de piso para os demais juros cobrados no mercado.
A taxa é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.
Em linhas gerais, a Selic é a taxa que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo a empresas ou consumidores em forma de empréstimos ou financiamentos.
Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.
A taxa básica também serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, próxima da meta estabelecida pelo governo.
Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.
Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.
Já quando o Copom reduz os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.