Bolsa recua 3% com ações de Lula; Petrobras desaba mais de 6%
Índice acionário brasileiro repercute declaração contra o teto de gastos e manutenção do corte de impostos sobre os combustíveis
Economia|Do R7, com Reuters
A Bolsa paulista opera em forte queda na primeira sessão do ano, com agentes financeiros a repercutir declarações e decisões do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tomou posse na véspera. Às 17h17 desta segunda-feira (2), o Ibovespa, o principal índice do mercado acionário brasileiro, caía 3,23%, aos 106.181 pontos.
A sessão também deve mostrar liquidez reduzida, dada a ausência de pregões em Wall Street nesta segunda, com as bolsas em Nova York fechadas pelo feriado estendido do Ano-Novo. O mercado acionário em Londres também está fechado.
De acordo com a equipe da XP Investimentos, Lula reforçou as diretrizes econômicas anunciadas durante a campanha, como a remoção do teto constitucional de gastos, o aumento do investimento público e o papel fundamental das empresas públicas no fomento do desenvolvimento econômico.
Entre os destaques negativos do índice, aparecem as duas ações da Petrobras. Enquanto os papéis preferenciais (PETR4) da empresa caem 6%, a R$ 23,03, as ações ordinárias (PETR3) da estatal despencam 6,67%, negociadas por R$ 26,17.
O movimento reflete a determinação de Lula de que seus ministros tomem providências para revogar atos que davam andamento à privatização de uma série de estatais, entre elas a Petrobras. O presidente também confirmou rumores no mercado e anunciou a indicação do senador Jean Paul Prates (PT-RN) para comandar a empresa.
Para a XP, uma das influências no movimento foi a decisão anunciada pelo novo governo de manter a desoneração dos impostos federais sobre os combustíveis, o que representa uma renúncia de receitas de R$ 53 bilhões por ano.
A decisão contraria a visão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que buscava o fim do benefício. Para a equipe da Guide Investimentos, as falas de Lula no domingo (1º) remeteram "aos seus governos anteriores, tanto nos acertos quanto nos erros".
Nesta segunda-feira, Haddad afirmou que o arcabouço fiscal a ser apresentado neste semestre precisa ser confiável e demonstrar sustentabilidade das finanças públicas. Ele disse que não aceitará um resultado fiscal neste ano que não seja melhor que a atual previsão, de saldo negativo de R$ 220 bilhões.
Estrategistas do BTG Pactual ressaltaram que preocupações fiscais estão no topo da agenda política e que, para evitar uma maior deterioração do risco-país e uma combinação pior de crescimento/inflação, o novo governo pode ter que apresentar medidas compensatórias para financiar mais gastos.
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Carlos Sequeira e equipe ponderaram, contudo, que as ações brasileiras estão baratas e que "pequenas melhorias nas principais variáveis econômicas podem ser suficientes para indicar algum espaço de alta", conforme seu portfólio de ações recomendadas para o primeiro mês de 2023.
O primeiro pregão do ano traz nova uma composição do Ibovespa, válida até 28 de abril, sem Positivo nem IRB Brasil, totalizando 89 ativos de 86 empresas. Os maiores pesos são Vale ON (15,512%), Itaú Unibanco PN (6,167%), Petrobras PN (5,751%) e ON (5,023%) e Eletrobras ON (4,051%).