Bolsistas da Fundação Lemann investem em empreendedorismo
Jovens embarcam em junho para a Universidade da Califórnia em busca de mais qualificação profissional
Economia|Karla Dunder, do R7
Elas são agentes de transformação social. Fizeram do trabalho um espaço para propor alternativas ou mesmo mudar a vida de pessoas em situação de vulnerabilidade. Luciana Chalita e Liziane Silva também tem em comum o fato de serem bolsistas da Fundação Lemann e embarcam no mês de junho para estudar na University of Southern of California (Universidade da Califórnia), em Los Angeles.
Os chamados Lemann Fellows são jovens lideranças que recebem apoio da Fundação para estudar fora do país e também para ter formação prática em outras instituições. Conheça um pouco mais sobre essas bolsistas.
Luciana mora em Aracaju, estudou direito, mas nunca exerceu a profissão.
“Fiz estágio, mas odiava aquilo, quando me formei, resolvi estudar em Londres por um tempo para aprender inglês. Quando voltei, percebi que poderia fazer algo mais, queria contribuir para a sociedade”, diz.
Ao chegar no Brasil, Luciana queria fazer algo em prol dos menos favorecidos. “Queria trabalhar em uma causa maior”. E o pai abriu os olhos para a situação de Sergipe. “Ele me disse: você está em um dos estados mais pobres do país, tem muito por fazer aqui”.
Luciana foi até o Instituto de Pesquisa em Tecnologia e Inovação trabalhar como voluntária. O IPTI tem como proposta buscar soluções inovadoras para problemas na área de saúde, educação e geração de renda.
Três anos depois foi contratada e é responsável pela articulação de patrocínio e otimização da rede de proteção de crianças e adolescentes. E o curso de Luciana será um MBA justamente focado em negócios sociais.
“Não vou me desligar do meu trabalho como pesquisadora. Minha intenção é tornar os negócios mais sustentáveis, não depender exclusivamente de patrocinadores. Quero aplicar aqui tudo o que eu aprender lá”, diz. “Sou apaixonada pelo Nordeste, as pessoas daqui tem poucas oportunidades e quero mudar essa realidade de forma verdadeira. ”
Liziane Silva
O empreendedorismo social sempre foi uma paixão para a curitibana Liziane Silva. Formada em economia pela Universidade Federal do Paraná, sempre atuou com negócios sociais. Em 2015, foi reconhecida mundialmente pela Pm4gos (Prêmio Alan Harpham), como a pessoa que se destacou na promoção e no acesso a ferramentas para a profissionalização de projetos de impacto social.
“Ainda na faculdade pude participar de um intercâmbio de seis meses na Colômbia e descobri que poderia unir duas palavras que me atraiam muito: empreendedorismo e social”. De volta a Curitiba, Liziane passou a atuar em uma Organização Não-Governamental Aliança. “A proposta da ONG é usar o empreendedorismo como forma de inclusão social”.
Uma das funções exercidas ali era a de desenvolver projetos piloto com ideias para que as pessoas pudessem empreender. “Fui a oitava pessoa a entrar na ONG e quando saí já tínhamos 100. Ali despertei o olhar para a gestão e percebi que muitas vezes o apoio externo para a planejamento não era tão eficaz, principalmente no momento de implementar uma ação porque os consultores, na sua maioria, pertencem ao mundo corporativo”.
Como as diferenças são grandes entre o empreendedorismo social e o mundo corporativo, o jeito foi estudar e buscar mais informações. “Fiz o curso de PMD (Gestão de projetos de desenvolvimento) do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), pude aprender com a experiência de outras organizações e saber usar ferramentas na prática”.
Reflexo direto do curso foi a criação da INK, que auxilia na estruturação de projetos do terceiro setor.
Liziane também tem certificação no Innovation Master Series em Stanford e em Avaliação de Projetos Sociais pelo MIT Poverty Action Lab e PUC Rio. No mês que vem, terá mais um curso para sua formação.