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Caminhoneiros temem fim da tabela do frete por pressão de empresários

Tabela de fretes estaria prejudicando o agronegócio. Governo renegociará condições com o setor agrícola e com os caminhoneiros

Economia|Do R7

Produção recorde de soja está sendo afetada pela tabela de fretes
Produção recorde de soja está sendo afetada pela tabela de fretes

A tabela de fretes, instituída por medida provisória para atender a demanda dos caminhoneiros e encerrar a greve, está tendo impacto negativo no escoamento da produção agrícola, afirmam representantes do agronegócio. Considerada uma das maiores vitórias dos caminhoneiros, a tabela pode estar com os dias contados na sua forma atual devido à pressão do empresariado.

A situação ocorre em um momento em que o país, maior exportador de soja e o segundo de milho no mundo, ainda tem grande parte de sua safra recorde dos grãos para escoar.

Nas redes sociais, os motoristas acreditam que grandes grupos possam derrubar a tabela e que haverá resistência caso isso aconteça. "Se essa tabela cair, vai ter uma greve pior que a última", diz Ivar Luiz Schmidt, representante do CNT (Comando Nacional do Transporte) e participante de quase 90 grupos de motoristas na rede.

Segundo Shmidt, não existe hoje categoria mais massacrada que o caminhoneiro. "Há 30 anos esse profissional vem sendo explorado", afirma. Na avaliação dele, se os caminhoneiros permitirem que o governo elimine essa tabela em favor das transportadoras, eles estarão perdendo uma grande oportunidade de melhorar a qualidade de trabalho.


Como a tabela de frete elevou os custos em mais de 100% em algumas rotas, na comparação com os valores anteriores, produtores e empresas que não detêm transporte próprio estão enfrentando problemas para escoar os produtos aos portos de exportação, comentou Flávio Turra, da Ocepar (Organização das Cooperativas do Estado do Paraná).

Questionado se os efeitos da tabela limitariam exportações neste mês, o presidente da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), André Nassar, afirmou que os embarques em junho serão menores do que os mês do ano passado. Essa queda deve-se não somente ao fato de o custo ser maior, com o tabelamento, mas também por uma imprecisão na MP que inviabiliza a contratação do frete, pelo tipo do caminhão definido para o transporte de grãos.


Nassar ainda ressaltou que o setor do agronegócio foi contra o tabelamento de fretes desde o início de discussões sobre o tema, por considerar tal medida inconstitucional, uma vez que vai contra a prática do livre mercado.

Meio-termo


O presidente da Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros), José Fonseca Lopes, que esteve à frente das negociações com o governo na greve encerrada na semana passada, afirmou não ver "coisa muito boa vindo pela frente", mas que os motoristas vão lutar para encontrar um meio-termo para ambas as partes. Ele deve participar hoje de uma reunião com a Casa Civil para discutir o assunto. "Esperamos encontrar um denominador comum que não prejudique o caminhoneiro. Caso contrário, podem esperar uma nova rebelião."

O presidente da Abcam afirma que uma tabela de preço mínimo vinha sendo negociada no Congresso antes da greve e da medida provisória ser emitida.

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