Logo R7.com
RecordPlus

CNI: crédito para indústria cai 40% em 12 anos, mas financiamento ao consumo dispara

Estudo mostra queda acentuada nas linhas de crédito voltadas à produção e alerta para desequilíbrio estrutural na economia

Economia|Do R7, em Brasília

  • Google News

LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA

  • Crédito para a indústria brasileira caiu 40% entre 2012 e 2024, enquanto crédito para consumo aumentou 97%.
  • Proporção de crédito destinado a empresas encolheu de 55% para 37% no mesmo período.
  • Falta de crédito produtivo compromete investimentos e modernização das empresas, ameaçando a competitividade.
  • CNI alerta para necessidade urgente de condições de financiamento adequadas para sustentar o crescimento da produção nacional.

Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

CNI aponta que queda no crédito para a indústria atrasa a modernização do setor Wilson Dias/Agência Brasil/Arquivo

O crédito destinado à indústria de transformação brasileira encolheu 40% entre 2012 e 2024, segundo a Nota Econômica nº 38, divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).

No mesmo período, a fatia da indústria no total de crédito da economia caiu de 27,2% para 13,7%, enquanto o financiamento para pessoas físicas cresceu 97%.


Para a CNI, o cenário mostra um descompasso entre produção e consumo e ameaça o crescimento de longo prazo do país.

O presidente da entidade, Ricardo Alban, afirmou que a retração é um sinal preocupante de desequilíbrio estrutural. Segundo ele, o crédito para a indústria tem um “efeito multiplicador ímpar sobre os demais setores produtivos”, fundamental para o crescimento do país.


“O sistema financeiro tem priorizado o consumo em detrimento da produção, comprometendo investimento, inovação e competitividade. Não bastasse isso, as taxas de juros elevadas e a escassez de crédito de longo prazo limitam a modernização do chão de fábrica e ampliam a dependência de importações”, destacou Alban.

Destinação do crédito

O estudo mostra que, embora o volume total de crédito oferecido pelos bancos tenha se mantido estável nos últimos 12 anos, houve mudança na destinação dos recursos.


Em 2012, 55% do crédito ia para empresas e 45% para consumidores; em 2024, a proporção se inverteu: 63% para pessoas físicas e 37% para empresas.

A CNI ressalta que o aumento do crédito ao consumo ajudou a sustentar a demanda das famílias, mas deixou a produção em desvantagem. O resultado é uma economia com mais consumo e menos investimento, o que pressiona os preços e amplia as importações para suprir a demanda.


A queda é ainda mais expressiva nos financiamentos de longo prazo — essenciais para inovação, compra de máquinas e expansão da produção. Entre 2012 e 2024, o crédito de curto prazo caiu 33%, de médio prazo 55% e de longo prazo 64%.

Isso fez com que os financiamentos de prazos mais longos perdessem espaço: em 2012, representavam 27% do total de crédito à indústria; em 2024, apenas 18%.

A retração mais forte começou após a crise de 2015-2016, quando a taxa Selic atingiu 14,25% ao ano. Durante a pandemia, houve uma breve recuperação, impulsionada pelos juros baixos e pela necessidade de capital de giro.

Porém, o avanço não se sustentou, e a tendência de queda retornou.

Problemas para a indústria

De acordo com a CNI, a falta de crédito produtivo reduz a capacidade de investimento, dificulta a modernização das empresas e compromete a competitividade da indústria nacional.

O estudo alerta que o desequilíbrio entre o crédito ao consumo e o crédito à produção incentiva as importações e limita o desenvolvimento econômico sustentável.

“É urgente criar condições de financiamento mais adequadas para sustentar o crescimento produtivo do país”, concluiu Ricardo Alban.

Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp

Últimas


    Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com oAviso de Privacidade.