CNI: crédito para indústria cai 40% em 12 anos, mas financiamento ao consumo dispara
Estudo mostra queda acentuada nas linhas de crédito voltadas à produção e alerta para desequilíbrio estrutural na economia
Economia|Do R7, em Brasília
LEIA AQUI O RESUMO DA NOTÍCIA
Produzido pela Ri7a - a Inteligência Artificial do R7

O crédito destinado à indústria de transformação brasileira encolheu 40% entre 2012 e 2024, segundo a Nota Econômica nº 38, divulgada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria).
No mesmo período, a fatia da indústria no total de crédito da economia caiu de 27,2% para 13,7%, enquanto o financiamento para pessoas físicas cresceu 97%.
Para a CNI, o cenário mostra um descompasso entre produção e consumo e ameaça o crescimento de longo prazo do país.
O presidente da entidade, Ricardo Alban, afirmou que a retração é um sinal preocupante de desequilíbrio estrutural. Segundo ele, o crédito para a indústria tem um “efeito multiplicador ímpar sobre os demais setores produtivos”, fundamental para o crescimento do país.
“O sistema financeiro tem priorizado o consumo em detrimento da produção, comprometendo investimento, inovação e competitividade. Não bastasse isso, as taxas de juros elevadas e a escassez de crédito de longo prazo limitam a modernização do chão de fábrica e ampliam a dependência de importações”, destacou Alban.
Destinação do crédito
O estudo mostra que, embora o volume total de crédito oferecido pelos bancos tenha se mantido estável nos últimos 12 anos, houve mudança na destinação dos recursos.
Em 2012, 55% do crédito ia para empresas e 45% para consumidores; em 2024, a proporção se inverteu: 63% para pessoas físicas e 37% para empresas.
A CNI ressalta que o aumento do crédito ao consumo ajudou a sustentar a demanda das famílias, mas deixou a produção em desvantagem. O resultado é uma economia com mais consumo e menos investimento, o que pressiona os preços e amplia as importações para suprir a demanda.
O QUE É A TAXA SELIC A taxa Selic é a taxa de juros básica da economia. Quando ela sobe ou cai, todas as demais taxas do mercado seguem sua direção. Isso significa que quando ela está mais alta, fica mais caro pegar dinheiro emprestado, por exemplo. Q...
O QUE É A TAXA SELIC A taxa Selic é a taxa de juros básica da economia. Quando ela sobe ou cai, todas as demais taxas do mercado seguem sua direção. Isso significa que quando ela está mais alta, fica mais caro pegar dinheiro emprestado, por exemplo. Quando ela cai, é o contrário. As taxas de juros para pegar empréstimo também tendem a cair e fica mais fácil financiar compras. O Banco Central usa essa taxa como um instrumento para conter a inflação, que é a principal preocupação da autoridade monetária.
A queda é ainda mais expressiva nos financiamentos de longo prazo — essenciais para inovação, compra de máquinas e expansão da produção. Entre 2012 e 2024, o crédito de curto prazo caiu 33%, de médio prazo 55% e de longo prazo 64%.
Isso fez com que os financiamentos de prazos mais longos perdessem espaço: em 2012, representavam 27% do total de crédito à indústria; em 2024, apenas 18%.
A retração mais forte começou após a crise de 2015-2016, quando a taxa Selic atingiu 14,25% ao ano. Durante a pandemia, houve uma breve recuperação, impulsionada pelos juros baixos e pela necessidade de capital de giro.
Porém, o avanço não se sustentou, e a tendência de queda retornou.
Problemas para a indústria
De acordo com a CNI, a falta de crédito produtivo reduz a capacidade de investimento, dificulta a modernização das empresas e compromete a competitividade da indústria nacional.
O estudo alerta que o desequilíbrio entre o crédito ao consumo e o crédito à produção incentiva as importações e limita o desenvolvimento econômico sustentável.
“É urgente criar condições de financiamento mais adequadas para sustentar o crescimento produtivo do país”, concluiu Ricardo Alban.
Fique por dentro das principais notícias do dia no Brasil e no mundo. Siga o canal do R7, o portal de notícias da Record, no WhatsApp






