CNI: segunda onda da covid piora situação da pequena indústria
Levantamento da entidade aponta que falta ou alto custo dos insumos foi o principal problema dos empresários no 1º trimestre
Economia|Do R7
A segunda onda da pandemia de covid-19 agravou a situação das indústrias de pequeno porte no primeiro trimestre de 2021. Levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o Índice de Situação Financeira caiu de 43,1 para 37,8 pontos. A piora é resultado da queda do faturamento e da produção, além da dificuldade de acesso ao crédito e à alta do preço dos insumos. Entretanto, no Panorama da Pequena Indústria, o Índice de Perspectiva teve aumento e sugere otimismo para os próximos meses.
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“A suspensão das linhas de financiamento emergenciais voltadas às pequenas indústrias, em razão do término do estado de calamidade, impactou negativamente o acesso ao crédito pelo segmento e resultou no recuo de 5,3 pontos do indicador”, destaca o relatório técnico. Ainda assim, o indicador manteve-se acima da sua média histórica de 37,4 pontos.
O recuo na produtividade e nas vendas impactam diretamente o fluxo de pagamento das micro e pequenas empresas (MPEs), podendo levar muitas delas a encerrar suas atividades nos próximos meses.
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Um dos mecanismos que pode auxiliar a vida financeira das MPEs é o Marco Legal do Reempreendedorismo, criado pelo Projeto de Lei Complementar (PLP) 33/2020, que aguarda aprovação na Câmara dos Deputados. Para a CNI, quando aprovada, a nova legislação permitirá a adoção primordial da renegociação extrajudicial, por ser mais simples e barata.
Índice de desempenho
O pequeno aumento do Índice de Desempenho, de 0,3 ponto entre os meses de fevereiro e março (de 43,6 pontos para 43,9 pontos), interrompeu uma tendência de queda, observada ao longo do último trimestre de 2020, bem como nos primeiros dois meses de 2021. A atividade industrial estava especialmente aquecida em outubro, como resultado da recuperação da atividade após período crítico da pandemia em 2020, mas perdeu força nos meses seguintes.
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“Para os próximos meses, há uma expectativa de melhora desse indicador, em decorrência do aumento do número de pessoas vacinadas no Brasil e da melhora do ambiente de negócios, necessários à retomada do crescimento do volume de produção e do número de empregados”, explica o relatório.
Falta ou alto custo de insumos
A falta ou alto custo da matéria-prima persiste sendo o principal problema enfrentado pela pequena indústria. Quando comparado ao último trimestre de 2020, o índice aumentou e continuou na primeira posição do ranking de principais problemas enfrentados pelas pequenas empresas dos setores extrativo, de transformação e de construção. Os últimos resultados para os três setores foram: 46,9% na extrativa, 66,7% na transformação e 55,9% na construção.
A demanda interna insuficiente ainda persiste como problema relatado pelos empresários e ocupa o terceiro lugar em todos os segmentos industriais.
Índice de confiança
O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI), para as pequenas indústrias, foi de 51,3 pontos em abril de 2021, o que representa uma queda de 0,7 ponto em relação a março do mesmo ano. A queda pode estar relacionada com a suspensão das medidas emergenciais do governo voltadas ao segmento de micro e pequenos empresários.
Com o fim do estado de calamidade, em dezembro de 2020, as pequenas empresas não puderam mais contar com o apoio do governo da mesma forma.
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Apesar do declínio, o ICEI para a pequena indústria mostra que a confiança dos empresários está acima da linha divisória dos 50 pontos, que separa confiança da falta de confiança, mas pouco abaixo da média histórica de 52,4 pontos.
Já o Índice de Perspectivas apontou aumento de 0,8 ponto em abril de 2021, para 48,3 pontos. A melhora no indicador está relacionada com a expectativa de demanda e de aumento do número de empregados. É possível que haja aumento da expectativa de demanda quando a situação de falta ou alto custo de matéria-prima se normalizar.